sexta-feira, 21 de outubro de 2011
CARLOS BABO (Parte II)
Em 1906, Carlos Babo fez uma breve passagem por Luanda (Angola), mas a sua passagem por aquela colónia portuguesa foi de curta duração. A política em Lisboa atraía-o. Além do mais, entretanto João Franco chega ao poder e a ditadura que se instalou iria levar o advogado de Amarante ao contato com as principais figuras do Partido Republicano.
Em 10 de Dezembro de 1909, participa num comício de propaganda republicana realizado no Barreiro. De acordo com uma notícia publicada no jornal O Século, estava a preparar-se a realização de um comício de propaganda republicana no Barreiro. A iniciativa estava a cargo do Grémio da Mocidade Liberal, do Centro Dr. Estevão de Vasconcelos e da comissão municipal republicana do Barreiro. Esperava-se que estivessem presentes diversas figuras ilustres do Partido Republicano, entre as quais, António José de Almeida, Bernardino Machado, Carlos Babo, Feio Terenas, Agostinho Fortes, Alberto Marques, Gastão Rodrigues e Inocêncio Camacho [O Século, Lisboa, nº 10 054, 10 de Dezembro de 1909, p. 2.]
Em Janeiro/Fevereiro de 1910, Carlos Babo é chamado a defender Eduardo de Carvalho, que tinha publicado um artigo no Archivo Democrático onde criticava abertamente a casa de Bragança [“Sabedoria Judicial”, Alma Nacional, Lisboa, 24-02-1910, nº 3, p. 12], no âmbito das suas obrigações como advogado ao serviço do Diretório do Partido Republicano. Desempenhava também já por essa época as funções de secretário de redação da revista Alma Nacional, dirigida por António José de Almeida.
Durante o julgamento acima referido, realizado em 2 de Março de 1910, Carlos Babo faz uma resenha histórica sobre a governação monárquica, mas causou um incidente no tribunal quando começou a tentar dissecar o que se passou durante o reinado de D. Carlos. Descontentes com a situação, e solidários entre si, os três juízes e o delegado abandonaram a sala do julgamento, deixando a assistência perplexa [“Originalidades Judiciais”, Alma Nacional, Lisboa, 10-03-1910, nº 5, p. 75-76].
Já em 1910, envolve-se ativamente nos trabalhos conspirativos que conduziram à implantação da República. Chegou a ser pedida uma sindicância aos atos do Dr. Miguel Bombarda, um procedimento contra o Dr. António José de Almeida, Carlos Babo e comissário naval reformado Artur Marinha de Campos, devido a serem personalidades que publicamente atacavam o regime monárquico [Armando Ribeiro, A Revolução Portuguesa, vol. II, João Romano Torres Editores, Lisboa, 1915, p. 96].
A 3 de Setembro de 1910, estando no Rossio, à noite, a ouvir um concerto da banda dos marinheiros, foi detido juntamente com o então estudante de Medicina, Manuel Vaz Bravo.
As suspeitas contra Carlos Babo não foram confirmadas e ele acaba por ser libertado, mas Manuel Vaz Bravo, fica detido com a suspeita de que estaria a transmitir palavras de passe a revolucionários [Armando Ribeiro, A Revolução Portuguesa, vol. II, João Romano Torres Editores, Lisboa, 1915, p. 698]. Na sequência dessa detenção, e pensando que o advogado continuava detido Cândido dos Reis, procura fazer o levantamento contra a monarquia, já que a prisão de Carlos Babo representava uma provocação ao Diretório.
[Em continuação]
A.A.B.M.
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