sábado, 3 de dezembro de 2011

O REPUBLICANISMO AUTORITÁRIO DE BASÍLIO TELES (1856-1923)



AUTOR: Pedro Miguel Martins
Formato 17 x 24 cm, brochado com badanas

Nº de páginas 592

ISBN 9789896581343

Pode ler-se na sinopse da obra:
Basílio Teles (1856-1923) foi um dos ideólogos e pensadores mais importantes do republicanismo português finissecular. Todavia, representou, como nenhum outro, uma corrente ideológica autoritária ainda pouco conhecida e estudada entre nós, quanto à sua génese, fontes e bases teóricas, precisamente os aspectos que este trabalho explora. Num contexto histórico conturbado, Basílio Teles desenvolveu, ao longo de obra vasta, uma apurada e lúcida reflexão no âmbito da filosofia e das ciências sociais, tendo em vista um plano de reformas para a república vindoura. Apesar do empenho cívico e postura distanciada e crítica de intelectual que sempre cultivou, as suas propostas económicas e políticas, por diversas razões, não entusiasmaram os seus pares nem foram concretizadas na I República. De qualquer forma, a obra de Basílio Teles, a despeito do seu convicto modernismo, em certos aspectos, influenciou intelectuais e políticos que marcaram a vida política portuguesa após a I República. O estudo do seu pensamento numa perspectiva sistemática constitui, pois, uma peça fundamental, não só para o conhecimento de uma feição esquecida do republicanismo positivista, mas também para a compreensão de uma das visões mais elaboradas do autoritarismo emergente no pensamento político português contemporâneo.

As referências à obra e a capa foram retiradas da editora AQUI.

Esta obra que foi uma das escolhidas pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República para edição, analisa a personalidade de Basílio Teles.

Ao longo das quase seis centenas de páginas, Pedro Miguel Páscoa Santos Martins, analisa diversas facetas deste ideólogo do republicanismo português. Assim, organizou o livro em três partes e onze capítulos.

A primeira parte aborda os Contextos, a nota biobibliográfica, as raízes do pensamento de Basílio Teles, a sua origem social e a formação no Liceu Nacional do Porto. Destaca, de forma pormenorizda a formação na Academia Politécnica do Porto, identificando interações que podem ter influenciado o pensamento desta personalidade.

Na segunda parte, estuda a relação de Basílio Teles com as correntes filosóficas dominantes no seu tempo, em particular o positivismo. Analisando e explicando alguns dos aspetos dominantes do pensamento desta personalidade. Num texto pródigo em referências filosóficas e em notas de rodapé que nos remetem para a importância de outras leturas.

Na terceira parte, a mais extensa, dividida em seis capítulos, abordam-se as ideias sociais, políticas e económicas de Basílio Teles. Começando por tentar compreender Basílio Teles enquanto intelectual, passando pelo seu papel enquanto participante na revolta de 31 de Janeiro de 1891 e as consequências que teve na sus vida. De seguida, a sua preocupação com as questões económicas e a abordagem às diversos facetas da sua estratégia de regeneração nacional.
Um dos pontos fundamentais deste trabalho centra-se na problemática autoritária que envolve a personalidade de Basílio Teles, e que o autor procura sobretudo mostrar como o republicano portuense se afirmava como "um crítico severo do capitalismo da Regeneração, da mesma forma que do parasitismo clientelar associado ao rotativsimo do regime constitucional" (p. 375), mas também se afastava das versões socializantes do republicanismo, "da mesma forma que não aceitava as suas visões individualistas-liberais" (p. 376). Assim, conclui Pedro Miguel Martins, "a sua [Basílio Teles] posição sobre a ditadura não parece ser apenas ditada por motivações tácticas ou conjunturais, mas corresponde a uma posição de fundo, à aplicação de uma perspectiva sobre o político que tem um enraizamento ideológico coerente" (p. 399).

Outro dos capítulos centra-se na problemática da questão religiosa em Basílio Teles, salientando que o intelectual portuense era um defensor acérrimo da liberdade de consciência, fruto da influência da filosofia positivista. Mas era simultaneamente um crítico da intolerância sectária, qualquer que ela fosse.

Por último, são analisadas as noções de nacionalismo, racionalismo e republicanismo. Conceitos chave para se compreender o discurso e a produção literária de Basílio Teles e que Pedro Miguel Martins procura contextualizar estes conceitos e explicá-los na lógica do reformismo e do pragmatismo da personalidade do ilustre pensador e ensaísta portuense.

No final da obra, e um aspecto sempre digno de menção, temos uma extensa compilação de fontes utilizadas. Obras de Basílio Teles, artigos em jornais, manuscritos, obras sobre esta personalidade já publicadas e diversa bibliografia sobre alguns dos temas que foram desenvolvidos ao longo do trabalho. Por último, um índice remissivo, extremamente útil para todos os interessados em pontos mais localizados que possam interessar aos investigadores.

Uma obra que não podemos deixar de recomendar aos nossos ledores, mesmo com todas as dificuldades que todos atravessamos, um bom livro e um conjunto de ideias interessantes que nos permitem também compreender o tempo em que vivemos.

A.A.B.M.

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