quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

DOS SALVADORES!


O que mais me importa na Sociedade é que ela seja para mim uma garantia, que me inspire confiança. ‘Com o que eu posso contar?’ – eis a questão essencial.

Tenho necessidade de me sentir em segurança, de pisar um mundo sólido, consistente, que se me não furte debaixo dos pés, que não me reserve surpresas, ciladas, armadilhas, alçapões. Portanto, antes de mais nada, antes dos caminhos de ferro, das estradas, das quedas de água, dos canais: o sentimento de segurança. O direito garantido, protegido – real, concreto, eficaz. Fim dos guet-apens, das escaladas nocturnas, dos golpes de Estado, das salvações.

Não mais sermos salvos por mais ninguém – que impressão de inefável serenidade! Como será bom quando tivermos a repousante certeza de estarmos, enfim, salvos dos salvadores


Raul Proença, Seara Nova, nº 246, 16 de Abril de 1931

J.M.M.

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