terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

EUGÉNIO RODRIGUES ARESTA (Parte I)


Filho de Manuel Aresta Jorge e de Inácia Rodrigues Aresta, nasceu em Moura, distrito de Beja, a 23 de Maio de 1891. Escolhendo a carreira militar como futuro profissional, realizou os seus estudos na Escola do Exército, tendo sido promovido na arma da Infantaria: a Praça (1909), a Alferes (1914) e a Tenente (1917); e nomeado Oficial instrutor de metralhadoras pesadas e adjunto da Comissão Técnica da Arma da Infantaria. Sob comando do General Pereira da Eça, integrou a Coluna Expedicionária a Angola, em 1915, distinguindo-se na campanha para a ocupação da região do Cuanhama.

Com a eclosão da 1.ª Guerra Mundial e subsequente participação de Portugal, foi mobilizado para o Corpo Expedicionário Português e enviado para a frente da batalha na Flandres, sendo agraciado pela sua acção militar com duas condecorações da Cruz de Guerra e as "fourragères" da Torre e Espada e do Valor Militar.

De regresso a Portugal após a assinatura do Armistício, a par da vida militar iniciou a sua incursão na vida política filiando-se no partido da União Republicana, de Brito Camacho. Assim, para além da colaboração no jornal A Lucta, foi eleito deputado por esse partido pelo círculo de Beja entre 1921-1922 [Partido Liberal] e entre 1922-1925. Colocado numa unidade militar do Porto, onde veio a constituir família, decidiu então retomar os estudos universitários, matriculando-se na 1.ª Faculdade de Letras do Porto, no curso de Ciências Filosóficas.

Membro da Maçonaria na Loja Progredior, agraciado com o grau de Mestre Maçon em 1926, passou à oposição na sequência do triunfo da Ditadura Militar, sendo um dos conspiradores da frustrada Revolta de 3 de Fevereiro de 1927, no Porto, o primeiro dos golpes "reviralhistas". Esta participação ditou a sua prisão e julgamento, sendo sentenciado à exoneração do Exército e à deportação por um ano para S. Tomé e Príncipe. Concluiu a licenciatura em Ciências Filosóficas em 19 de Julho de 1928, após o seu regresso ao Porto, defendendo uma dissertação sobre o método filosófico de Bergson, com a qual obteve a classificação de 20 valores.

Em 1933 foi reintegrado no Exército como capitão do Quartel-General da 1.ª Região Militar; contudo, recusado o grau de Coronel devido ao seu ideário político, quatro anos mais tarde solicitou a passagem à reserva, optando pela carreira como docente no ensino liceal privado nos Colégios de Almeida Garrett e de João de Deus, ambos na cidade do Porto. De resto, a sua ligação aos movimentos de oposição ao Estado Novo vedaram-lhe integralmente o ingresso nos ensinos liceal oficial e universitário, para o qual fora recomendado pelo Dr. Aarão de Lacerda, embora sem inviabilizar a publicação de manuais para o ensino liceal da Filosofia, através da Editora Marânus. [Sobre a importância dos seus manuais de Filosofia, consultar a tese Luísa Margarida de Mendonça Freire Nogueira, intitulada A Filosofia no Espaço Escolar, disponível AQUI].

Como professor falava com vivacidade, sedução e brilho dos grandes filósofos. Um dos seus alunos foi o pensador Agostinho da Silva conforme se afirma AQUI.

(em continuação)
A.A.B.M.

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