segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

JOSÉ CABRAL – MONÁRQUICO E NACIONAL-SINDICALISTA [PARTE I]


JOSÉ CABRAL, aliás José Pereira dos Santos Cabral [1885-1950], nasceu [16 de Setembro] em Travanca de Tavares (Mangualde). Formado em Direito por Coimbra [entra em 1906-07], foi advogado em Fornos de Algodres, director-geral dos Serviços Prisionais (1929), presidente da direcção da Associação do Patronato das Prisões, director geral dos Serviços Jurisdicionais de Menores, director dos Serviços de Acção Social e Política da Legião Portuguesa (medalha de oiro, por dedicação), administrador das Companhias Reunidas de Gás e Electricidade, da Companhia das Águas de Lisboa e presidente da assembleia-geral da Companhia de Seguros "Europeia".

Monárquico [aparece como candidato eleito nas listas monárquicas, pelo círculo nº 18 de Gouveia nas eleições de 28 de Abril de 1918 e participa na revolta monárquica de 1919, tendo de exilar-se em Espanha] e católico, pertenceu ao grupo fascista formado em torno da revista Ordem Nova, à Liga Nacional do 28 de Maio e foi militante nacional-sindicalista [integrou e chefiou o grupo de Coimbra, fazendo parte do directório do Grande Conselho Nacional Sindicalista]. Mais tarde aderiu ao Salazarismo e à União Nacional [participa, mesmo, no I Congresso na União Nacional] rompendo (Março de 1934) com chefia dos “camisas azuis” de Rolão Preto e Alberto de Monsaraz [a cisão no movimento nacional-sindicalista e o “trânsito” para o Estado Novo foi acompanhada por outros, como Pedro Teotónio Pereira, Manuel Múrias, João Costa Leite (Lumbrales), Fernando Pires de Lima, Eusébio Tamagnini, Cabral Moncada, Ramiro Valadão, Supico Pinto, Dutra Faria, Luís Forjaz Trigueiros, Amaral Pyrrait, Castro Fernandes].

Curiosamente a proposta de dissolução do Movimento Nacional-Sindicalista (e a aceitação da liderança por Salazar) partiu do próprio José Cabral, na reunião do directório de Agosto de 1934 (já com a direcção ausente no exílio), presidida por Eusébio Tamagnini. A 18 de Agosto de 1934 sai o último número do jornal diário Revolução Nacional [sob direcção de Manuel Múrias, 146 numrs. As dívidas do jornal foram pagas por ordem de Salazar - VER jornal Revolução e Revolução Nacional AQUI], anunciando o seu termo. Os ex-fascistas tinham, por fim, chegado à governação. Por seu lado, os correligionários de Rolão Preto partiram para o exílio, entram na clandestinidade e não espanta que tenham aderido, mais tarde, às várias lutas e intentonas reviralhistas contra a ditadura, ao lado dos seus antigos adversários.

[a continuar]

J.M.M.

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