domingo, 22 de abril de 2012

LIVROS PROIBIDOS NO REGIME FASCISTA (I)


O EXPRESSO (por José Pedro Castanheira) apresenta na edição de 21 de Abril (pp 22-23) uma inventariação de obras proibidas durante 1933-1974 – “Os 900 livros que o Estado Novo censurou” – recorrendo ao trabalho encetado (em 2003) por José Brandão. A listagem já tinha sido anteriormente publicada pela Comissão do Livro Negro sobre o Regime Fascista (Maio de 1981, 124 pgs), mas na verdade não esgotou o rol de publicações censuradas e apreendidas pela Ditadura.

De outro modo, há um curioso zelo (ou enfado ... será?) na não divulgação da opiniosa, quanto sublime, prosa presente nos despachos dos censores (sob este assunto acompanhe-se o trabalho porfiado de José Pacheco Pereira na Ephemera). E, o que é admirável nisto tudo, é a inexistência (que se saiba) de qualquer investigação sobre as recomendações publicados nos jornais (ou em Cartas ao Director) pelos “nossos” censores indígenas (alguns escreviam sob pseudónimo) que em artigos se insurgiram contra a circulação dessas obras ditas “blasfemas”, que “minavam a juventude”, o regime e a civilização. Seria curioso testemunhar esse apostolado reaccionário, bem como entender a ligação que mantinham com sectores institucionais ligados à perpetuação da ditadura. O branqueamento desta questão (como de outras) é quase total. O silêncio é d’oiro!



[a continuar]

J.M.M.

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