sábado, 28 de julho de 2012

BANDALHEIRA [OU ... SIDONISTAS & NOVOS MONÁRQUICOS]


"BANDALHEIRA", de Silvério M.[áximo] de Figueiredo Lobo e Silva, Gouveia, Comp. e Imp. Tip. Motta & Irmão, 1919, 86[2] p.[Ed. Autor]

"Opúsculo publicado num período de grande turbulência da vida nacional, após o assassinato de Sidónio Pais ocorrido em Dez. 1918, e na sequência da revolta ocorrida no Porto, pouco tempo depois, em 19 de Janeiro de 1919, ocasião em que foi proclamada a monarquia - golpe efémero que viria a ser conhecido pela Monarquia do Norte.

Em tom cáustico, o autor ataca os sidonistas e ‘novosmonárquicos em geral, não poupando nos adjectivos para classificar o seu comportamento ‘vil’ e errante, mas também particulariza, ‘chamando os bois pelo nome’. Denuncia a situação política do país, de compadrio e corrupção, pincelando o livro com exemplos da ‘podridão’ que grassava, sobretudo em casos que o envolveram a ele pessoalmente, enquanto Delegado do Procurador da República.

‘Esses torpes políticos, essa vil canalha, esterco ambulante, poeira mortífera, vilões d’origem, só de mães nascidos, mordendo com o rabo como os lacraus, que da republica velha foram para a nova, com as mesmas caras, surgindo-lhes agora a monarquia, como os cães, alçam a perna, mijam sobre a republica e saltam para a monarchia onde ocupam os mesmos logares; os mesmos tal e qual. Vêm assim desde 1911 alguns e outros desde as eleições de 1917. Republicanos sem partido, republicanos do Pimentismo, republicanos do democratismo, republicanos da união sagrada, voltando ao democratismo d’ahi passando ao unionismo e sidonismo e de tudo isto para a monarchia restaurada…’

Silvério Máximo de Figueiredo Lobo e Silva, advogado e deputado [?], natural de Sever do Vouga. Delegado do Procurador da República quando escreveu a presente obra
" [via Livreiro Monasticon, com a devida vénia (sublinhados nossos) – refª á peça bibliográfica colhida no Memória da República]

NOTA: Silvério Máximo de Figueiredo Lobo e Silva era filho de Cesar de Figueiredo Lobo e Silva, sendo natural de Senhorinha, concelho de Sever do Vouga (Aveiro). Foi bacharel pela Universidade de Coimbra no ano de 1898-99, tendo entrado no ano lectivo de 1892-93. Existem escassas referências a Silvério Máximo de Figueiredo Lobo e Silva: de facto, foi Delegado ao Procurador da República em Macedo dos Cavaleiros (1912), em Oliveira de Azeméis [1923, onde foi objecto de um processo de sindicância e, portanto, já posterior à publicação deste opúsculo], depois em Lisboa [ao que parece, pertencia a 5ª vara cível e 2º distrito criminal, quando é “afastado temporariamente do exercício das suas funções”, por Despacho do Diário do Governo, de 8 de Agosto de 1925, que não tivemos ocasião de consultar]. Sobre o autor há na Biblioteca Nacional o registo de 13 opúsculos [todos de interesse jurídico], sem que subsista qualquer indicação sobre esta peça bibliográfica, que deverá ser de muito reduzida tiragem e rara. Diga-se, por último, que existe alguma controvérsia [ou, talvez, não tão bem assim] sobre a sua [pretensa] vinculação ao título dos "Condes de Sever do Vouga", que falta redimir.

J.M.M.

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