segunda-feira, 15 de outubro de 2012

DAVID MAGNO (Parte I)


Com o nome completo de David José Gonçalves Magno, nasceu em Lamego, a 17 de Agosto de 1877 e morreu em Lisboa a 30 de Setembro de 1957, aquele que viria a ser um militar, publicista e arqueólogo com algum prestígio. Foi também autor de vários livros de carácter memorialístico, sendo um deles dedicado à sua participação na I Guerra Mundial.

Seguiu a carreira militar, sendo promovido a alferes em 22 de Dezembro de 1906. Começou por se distinguir em Angola, em 1909 e 1910, ao conseguir avançar para o interior e impor a presença portuguesa na região dos Dembos Orientais. A partir de 15 de Fevereiro de 1909, uma coluna contando 133 soldados e comandada pelos alferes David Magno e António Margão avançou durante vários dias nos territórios do Golungo Alto. A 27 de Setembro de 1909, toma a aldeia do Caculo-Caenda. Porém, a instabilidade era grande e os Dembos voltam a revoltar-se e o comandante militar de Lombige, alferes David Magno, tentou ainda pacificamente resolver a situação. Não conseguindo obter sucesso na sua missão, instala uma fortificação em plena capital do Caculo-Caenda, denominada “Forte de Santo António”, construído já em 1910, tudo indica que em 22 de Fevereiro.  Mas a presença continuava a ser rejeitada pelos habitantes da região e Henrique Mitchell de Paiva Couceiro chegou a pensar na organização de uma grande expedição militar para dominar a região, mas a falta de meios e de apoios vindos de Lisboa, acabaram por nunca permitir a sua concretização.

Nos relatos que existem sobre a actividade de David Magno nos territórios angolanos, deixam-nos algumas pistas sobre esta personalidade. René Pélissier afirma sobre Magno “um oficial de vaidade dificilmente suportável mas extremamente temível, visto que preferia a diplomacia às balas”. A sua estratégia para se aproximar de D. Domingos Miguel Sebastião, líder dos Dembos na região de Caculo-Caenda, passou por fingir que salvava a vida de um dos filhos do soba, depois procurou criar atritos entre os Dembos para lançar uns contra os outros, por fim, e apenas com 21 soldados europeus e 23 soldados landins, conseguiu entrar na aldeia de Caculo Caenda e convenceu-o de que aqueles soldados eram somente exploradores de uma grande coluna de soldados que se dirigiam para a região. Durante cinco meses viveu quase isolado do resto do resto do mundo, mas desenvolveu uma acção de colonização semelhante à que era levada a efeito pelos franceses: abriu uma escola e instalou uma casa comercial. A intenção de David Magno era, ficar com a glória de ter sido ele a ter pacificado a região dos Dembos.

Substituído em 1910 e 1911, regressa em 1912, quando a situação começava a degradar-se novamente para os portugueses.
Mas este forte estava numa posição de risco, então em 1913, o forte é cercado e o então governador geral de Angola, Norton de Matos enviou uma expedição de socorro comandada pelo capitão de artilharia Maia Pinto, contando também com a participação de David Magno. Nessa altura travaram-se combates em Quidange e Quingola, estabelecendo-se três novos postos nas terras do chefe dos Dembos, em Caculo-Caenda. Nessa altura, o então tenente David Magno toma parte como adjunto do comando nas operações que vão ter lugar na região, em particular nos combates de Quingola, em 3 de Agosto de 1913.

[em continuação]

A.A.B.M.

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