IN MEMORIAM MANUEL ANTÓNIO PINA [Sabugal, 1943- Porto, 2012]
“Palavras não me faltam, (quem diria o quê)
faltas-me tu poesia cheia de truques
De modo que te amo em prosa, eis o
lugar onde guardarei a vida e a morte” [M.A.P, in “Palavras Não"]
“A meu favor tenho o teu olhar
testemunhando por mim
perante juízes terríveis:
a morte, os amigos, os inimigos.
E aqueles que me assaltam
à noite na solidão do quarto
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.
Protege-me com ele, com o teu olhar,
dos demónios da noite e das aflições do dia,
fala em voz alta, não deixes que adormeça,
afasta de mim o pecado da infelicidade” [M.A.P, in “Algo Parecido Com Isto, da Mesma Substância”]
“No quarto ao lado alguém
a noite passada morreu,
provavelmente eu.
Os livros, as flores
da mesa de cabeceira
conhecerão estas últimas coisas
em algum sítio da minha alma?” [M.A.P, in “Cuidados Intensivos”]
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