Nasceu em S. Matias , no concelho
de Beja a 23 de Fevereiro de 1891 e morreu no Hospital da Estrela em Lisboa a
13 de Abril de 1974 com 83 anos de idade. Logo aos 16 anos ingressa na vida
militar como voluntário. Em 1908 foi promovido a segundo-sargento e colocado no
3º Batalhão de Infantaria nº 17 em Lagos, de onde, alguns anos depois transitou
para o Regimento de Infantaria nº 4 em Faro. Casa-se com Maria Francisca Dias, que era
natural de Lagos, deste casamento vão nascer três filhas.
Oferece-se como
voluntário no chamado “Batalhão de Portugal”, comandado pelo major Ferreira do
Amaral e combate na Iª Guerra Mundial na França e na Flandres. Regressado a
Portugal após a guerra, em 1918, fixa-se em Faro onde permaneceu até 1932. Na
sequência da participação na Guerra, Manuel Caetano de Sousa recebeu a
condecoração de cavaleiro da Ordem de Cristo, com palma, em Julho de 1920.
Funda em 1922 o
jornal Moca que foi o primeiro jornal
de defesa do consumidor no Algarve e possivelmente um dos primeiros em Portugal
com essa preocupação. Foi também neste jornal que encontramos um poema de
António Aleixo publicado quando ele exercia a profissão de polícia em Faro no
início dos anos vinte.
Em 1925 foi
candidato a deputado independente pelo círculo eleitoral de Silves, mas não
conseguiu ser eleito. Envolveu-se activamente na revolta de 28 de Maio de 1926
devido à admiração que tinha por Mendes Cabeçadas e Gomes da Costa, como ele
próprio reconhecia, mas desiludiu-se porque nunca desejou instaurar uma ditadura
em Portugal e foi o que resultou da sua colaboração.
Colaborou com
diversos jornais e revistas da época entre os quais O Lusitano, O Diabo, Folha de Alte,
Correio Teatral, Seara Nova, Portugal e Vida Algarvia,
foi poeta de inspiração chegando mesmo a publicar um livro de versos muito bem
acolhido pela crítica com o título Mãos
Calejadas, dedicado a João Serra, que foi seu ordenança na Grande Guerra.
Sabemos que também conseguiu ver publicados alguns dos seus versos na revista Seara Nova de que era admirador e
assinante.
Exerceu
diversos cargos públicos no Algarve como o de Presidente da Junta Geral do
Distrito, onde prestou particular atenção aos pobres e desprotegidos,
nomeadamente no Asilo Esperança Freire,
em 1929, onde chegou a internar mais de cem crianças a partir de 3 anos de
idade; conseguiu também do Ministério da Guerra um despacho favorável ao
arrendamento à Junta Geral do Distrito do antigo Quartel-General ao Alto de
Santana, em Faro, para aí ser instalado um Asilo-Oficina Distrital para o sexo
masculino; nessas funções realizou uma récita no Cine Teatro Farense [realizada
a 17 de Julho desse ano e contou com a actuação do orfeão do asilo] tratou
ainda de conseguir para Faro um Sanatório-Hospital para tuberculosos tendo a
Junta Geral a que presidia dotado com 50 contos em prestações trimestrais.
Manuel Caetano de Sousa fez parte
da Comissão de Iniciativa e Turismo das Caldas de Monchique e de Faro, em 1931.
Foi um dos
fundadores da Mutualidade Popular em Faro.
Foi um homem do 28 de Maio, no qual
participou com acção importante, em Faro. Combateu os revoltosos de Fevereiro de
1927. As acusações que, no Moca, dirigiu ao Governador Civil
custaram-lhe, como militar, o desterro para Évora, de onde continuou a clamar
por justiça e contra a prepotência dos políticos. Regressado a Faro, continuou
a querelar e a denunciar as ilegalidades das autoridades. Com a instauração e
desenvolvimento da Ditadura Militar, afastou-se do regime, que nunca quis
ditatorial, e esteve ligado ao movimento reviralhista. Colaborou em vários
jornais. Foi poeta, chegando a publicar um livro de versos, Mãos Calejadas, dedicado
ao olhanense João Serra que fora sua ordenança na Grande Guerra.
Publicou:
- Ás Armas! Versos Patrióticos, Livraria das Novidades, Lisboa, 1916;
- Saudades, Lisboa, Livraria das Novidades, 1916;
- Versos, Faro, Livraria das Novidades, Faro, 1920;
- Sacrifício de Enfermeira, Tip. Regional, Faro, 1922 [Peça de teatro de um acto em verso];
- Rosa Maria (Novela), Livraria das Novidades, Faro, s.d., [1923];
- Sinfonia Dolorosa, Livraria das Novidades, Faro, 1923;
- Amor e Dinheiro, s.n., Lisboa,
s.d.,[1924?]; [Drama, em quatro actos]
- A Enxurrada, col. Amanhã, Lisboa, 1938;
[Romance]
- Quem Canta..., Livraria Palma e Fazenda
Ldª., Faro, s. d.[1924]; [Versos, com ilustrações de Raul Carneiro];
- Instruções necessárias aos que procuram
organizar grupos espíritas, para trabalhos experimentais, Federação
Espírita Portuguesa, Lisboa, 1943.
Na imprensa fica só uma amostra, já que são muitas as referências:
- “As tropas
algarvias no dois de Março”, Correio do Sul, Faro, 05-02-1922, Ano III, nº 100,
p. 12, col. 1 a
3.
- “Poetas do
Algarve: Cantigas só para as almas que amarem a minha terra. Á Mocidade das
Escolas”, Correio Teatral, Faro, 05-04-1923, Ano I, nº 6, p. 2, col. 2 e
3. [poesia do livro a publicar “Quem Canta…”].
- “A Fonte e a
Alma das Coisas”, Revista de Metapsicologia. Boletim Oficial
da Federação Espírita Portuguesa [FEP], Ano III, Nov.1951, nº11, p.
596-602.
[Congressos Espíritas Regionais
só se realizaram no Algarve, idem, Agosto 1951, nº 8, organizados por
influência de José Francisco Cabrita e Manuel Caetano de Sousa que tiveram
influência na difusão do espiritismo no Algarve (Junho 1952, nº6). Em
1951-1953, existia a Sociedade Espírita de Lagos.]
- “«Novidades»
ataca o espiritismo – o espiritismo defende-se”, Revista de
Metapsicologia. Boletim Oficial da Federação Espírita Portuguesa
[FEP], nº 3, Março 1953, p. 65-66, 104. [Trata-se de uma réplica a um artigo
publicado no jornal Novidades, de 29 de Março de 1953]
Pertenceu à
Maçonaria.
Foi um dos
responsáveis pela “Revista de Espiritismo”, da Federação Espírita Portuguesa, e chegou a abrilhantar a
lista dos Corpos Sociais da Federação, da qual fazia parte aquando do seu
encerramento. Publicou inúmeros artigos baseados em fenómenos
mediúnicos, com que enriqueceu as páginas daquela Revista. Destacamos entre eles: “Estranha Entrevista”, Viagem Inesperada”, “A Arte e
os Artistas”, “A Fonte e a Alma das Coisas”, “Luz nas Trevas”, “Os fenómenos
Supranormais da Universidade Portuguesa”, “Deus e o Conhecimento Humano”… Mas também poemas como “Luz no Natal”, “Ao mais pobre dos meus Irmãos Pobrezinhos…”, ou
“Auto da Vida e de Jesus” (Teatro Espiritualista), “Homem!”, mostram bem a sua
diversidade intelectual e de como, em prosa ou em verso, ele procurava sempre
chamar a atenção para o Divino, para Deus!
Este militar, combatente na Grande Guerra, foi este ano recordado com a atribuição do seu nome à toponímia farense, em reunião de 22 de Fevereiro de 2012.
A.A.B.M.
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