sábado, 9 de novembro de 2013

GUERRA E PROPAGANDA NO SÉCULO XX - COLÓQUIO

Nos próximos dias 11 e 12 de Novembro de 2013, realiza-se em Lisboa, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, um colóquio internacional sobre o tema acima indicado.

A comissão científica do congresso é constituída por Maria Fernanda Rollo, Ana Paula Pires e Noémia Malva Novais que apresentavam a seguinte nota de abertura e apresentação do colóquio:

A Conferência Internacional «Guerra e Propaganda no Século XX» integra o Programa do Centenário da Grande Guerra, coordenado pelo Imperial War Museum de Londres.
O século XX foi fértil em experiências sobre o poder da propaganda em contexto de guerra. Desde a Primeira Guerra Mundial à Guerra Civil de Espanha, à Segunda Guerra Mundial, à Guerra do Ultramar (no caso de Portugal), à Guerra Fria, à Guerra na Bósnia e à Guerra no Golfo, foram muitas as ocasiões em que a propaganda se afirmou como uma das armas de combate.

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) constituiu o contexto em que pela primeira vez os estados perceberam a importância da propaganda como instrumento de guerra. Tornou-se evidente o papel, a importância e o potencial da comunicação gráfica. A propaganda passou a ser encarada como uma ferramenta essencial, capaz de fazer de elo de ligação entre a frente de combate e a frente interna, instrumento de galvanização e de predisposição das populações para aceitar a ‘inexorabilidade’ da Guerra e os sacrifícios que daí decorriam.

A propaganda surgiu assim como uma representação, quase sempre com expressão pictórica da identidade nacional em combate, enaltecendo as virtudes dos exércitos nacionais e diabolizando o inimigo, representando-o de forma desumanizada, instigando ao ódio entre civis e militares, ao mesmo tempo que eliminava a noção de culpa ou responsabilidade por parte dos dirigentes governamentais. Aos olhos da propaganda, as guerras surgiram sempre como consequência inevitável de choques civilizacionais, legitimadas aos olhos do colectivo: combate-se por um ideal, luta-se por um interesse.

À medida que a frente interna foi crescendo em importância nos conflitos contemporâneos, o controlo da opinião pública, através da propaganda, tornou-se mais sofisticado. Criaram-se ministérios para pensar e gerir a propaganda, investiram-se verbas avultadas e aproveitaram-se todos os meios de comunicação de massas desenvolvidos entre o final de Novecentos e as primeiras décadas do século XX, colocando-os ao serviço dos Estados: imprensa, rádio, televisão e cinema.
A propaganda representava o sacrifício dos soldados em guerra e enaltecia o poderio dos países. Um pouco por todo o mundo foi em torno destas imagens que se mobilizaram populações inteiras em torno da conquista da vitória. Através da imagem estática dos cartazes impressos ou do movimento dos jornais de actualidades projectados em salas de cinema espalhadas um pouco por todo o globo, os governos procuravam promover o espírito patriótico, incentivando o esforço de sacrifício individual através do envio de um conjunto de mensagens claras e directas em que se apelava ao alistamento voluntário nos exércitos, ao racionamento de bens essenciais, à intensificação da produção ou à compra de obrigações ou títulos de guerra, exacerbando sentimentos, despertando emoções e projectando uma imagem repartida entre a noção de superioridade e a ideia de temor pelo adversário.


Desde a Imprensa, na Primeira Guerra Mundial, à Rádio, na Segunda Guerra Mundial, à televisão, ao cinema e à publicidade, sobretudo a partir da década de 50, a propaganda revelou poder ser tão mortífera como as armas manuseadas pelos soldados em guerra.
Por isso, afigura-se fundamental debater a problemática da Guerra e da Propaganda no Século XX.

O programa do colóquio conta com números participantes dos mais variados países para debaterem vários ângulos de análise da temática da Guerra e da Propaganda em tempo de guerra.

Assim o congresso organiza-se nos seguintes painéis:
-I Grande Guerra: a propaganda e os neutrais;
- Propaganda, exílio e emigração;
- Propaganda e Império;
- Propaganda, os alívios da guerra e a desumanização do inimigo;
- I Grande Guerra: Experiências Nacionais;
- Propaganda, Ciência e Diplomacia Cultural;
- Guerra Civil de Espanha;
- Imprensa e Propaganda;
- II Guerra Mundial;
- Propaganda, História e Educação;
- Arte Imagem e Propaganda;
- A Guerra Fria;
- Propaganda Visual;
- Guerra Colonial Portuguesa;
- Propaganda na Era da Tecnologia Digital.

O programa completo do colóquio pode ser consultado AQUI.

Uma importante iniciativa sobre a Guerra e a Propaganda que merece a melhor atenção e divulgação junto dos nossos ledores, com os votos do maior sucesso para as organizadoras.

A.A.B.M.

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