sexta-feira, 11 de abril de 2014

FRANCISCO XAVIER DA CUNHA ARAGÃO (Parte II)

Francisco Xavier da Cunha Aragão foi promovido a alferes da arma de cavalaria em 11 de Novembro de 1911. Promovido a tenente em 13 de Novembro de 1913.

Quando em 12 de Dezembro de 1914, uma força avançada alemã estaciona na margem esquerda do rio Cunene, considerado território português, frente aos morros de Calorque, a 12 quilómetros de Naulila, e são os dragões de comandados por Cunha Aragão que entram em contacto com o invasor, fazendo nessa altura um prisioneiro. Na sequência desse aprisionamento, as tropas portuguesas tomam conhecimento das intenções e do número das tropas alemãs. No dia seguinte, Aragão aproxima-se de novo do invasor e ataca-o, fazendo dois novos prisioneiros e provoca algumas baixas nos soldados alemães.

Francisco Aragão advoga um ataque imediato e maciço contra o invasor, mas a hierarquia  impede-o de avançar. Nesse contexto, chega a ser censurado pelos superiores hierárquicos pela sua iniciativa. O seu esquadrão, constituído por 47 homens realiza um exaustivo serviço de vigilância até 18 de Dezembro.

No dia 18 de Dezembro, as forças alemãs organizam-se e antecipando alguma iniciativa portuguesa de ataque, avançam para Naulila. Aragão enfrenta as tropas comandadas pelo major Van Franck que atacam Naulila. Bate-se brilhantemente com a coluna do capitão Van Vater, que subia o rio Cunene. Aragão foi ferido e fica prisioneiro dos alemães. 

Depois da sua libertação e do seu regresso a Portugal, Francisco Aragão uma série de declarações no Funchal em que repudia a ditadura de Pimenta de Castro e exorta à entrada de Portugal na guerra para vingar a afronta alemã. Na sequência disto, em Lisboa, Fernando Pessoa elabora um conjunto de textos que acabaram por não ser publicados, mas onde se criticava a posição assumida pelo militar. Este conjunto de textos ficou com designação de “Carta a um herói estúpido”, sendo que o herói estúpido era nem mais nem menos que Francisco Xavier de Cunha Aragão. Fernando Cabral Martins recorda que Cunha Aragão era nessa altura um símbolo para os republicanos e democráticos que defendiam a posição beligerante de Portugal [FERNANDO CABRAL MARTINS, Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português, Coord. Fernando Cabral Martins, Editorial Caminho, Lisboa, 2008, p. 140-141]


Em 1917 organiza a Esquadrilha Colonial, que vai servir em operações contra os alemães em Moçambique. Porém, a falta de meios impede que a esquadrilha chegue a desempenhar algum papel. Aragão serve nessa altura como oficial de cavalaria nas tropas em operações.

Após o final da Grande Guerra, mais propriamente em 16 de Outubro de 1921, reuniu-se em Lisboa, no escritório do advogado João Jayme Faria Affonso,  a assembleia fundacional da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, cujo núcleo inicial é composto entre outros pelos seguintes veteranos: tenentes-coronéis de cavalaria Ferreira do Amaral (comandante da Polícia) e Francisco Xavier da Cunha Aragão, primeiro-tenente Horácio Faria Pereira e tenente Joaquim de Figueiredo Ministro.

Esta comissão de veteranos justifica a necessidade de criação desta organização, «em razão das injustiças feitas aos que na Grande Guerra combateram, especialmente aos mutilados e estropiados, e ainda devido ao desprezo a que foram votados pelos poderes constituídos, os quais não só não tomaram na devida conta mas até propositadamente esqueciam as justas reclamações de muitos que, após haver cumprido o seu dever, cumprido comunhamente com o juramento que antes haviam feito de darem o seu sangue pela Pátria, se viam abandonados e na miséria, com grave prejuízo para o patriotismo, disciplina e moral do povo português».

Foi um dos mentores do Apelo à Nação, feito em Março de 1923, organizado por personalidades ligadas à Seara Nova, tendo integrado a comissão que foi entregar o documento a António Maria da Silva e ao Presidente da República. Faziam também parte dessa comissão Ezequiel de Campos, Jaime Cortesão e Sarmento Pimentel.

Integrou ainda a Comissão Directiva de Lisboa da União Cívica, juntamente com António Sérgio, Jaime Cortesão, Filomeno da Câmara, Ferreira do Amaral, Quirino de Jesus e Bourbon e Menezes.

[Em continuação]

A.A.B.M.

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