segunda-feira, 16 de junho de 2014

CONFERÊNCIA – MAÇONARIA E DESAFIOS DO SÉCULO XXI



CONFERÊNCIA: "Maçonaria e Desafios do Século XXI” 

ORADOR: dr. Fernando Lima;
DIA: 18 de Junho 2014 (19,00 horas);
LOCAL: Grémio Lusitano [Rua do Grémio Lusitano, 25, Lisboa];
ORGANIZAÇÃO: Museu Maçónico Português [Ciclo “Novos Paradigmas e Maçonaria”]


“Os maçons nesta primeira centúria do séc. XXI confrontam-se com um novo paradigma da sociedade global e com as consequências que tal induz no plano do movimento de ideias, da política, da economia e dos comportamentos individuais e sociais.

A queda do muro de Berlim e do comunismo, que se desvaneceu numa questão de dias, desencadeou um crescimento exponencial da economia subterrânea com a subsequente desregulamentação dos mercados financeiros internacionais, originando uma gigantesca injecção de dinheiro na economia global. Os negócios vasculharam aceleradamente o globo em busca de oportunidades mais lucrativas, procurando taxas de rentabilidade máxima.

A brutal geração de riqueza então criada é distribuída de forma desigual a nível mundial e origina grandes oportunidades de negócios, mas também suscita o desenvolvimento de conflitos regionais, do crime organizado e da escalada do terrorismo internacional.


A crise do petróleo ocorrida com a venda dos campos de petróleo iraquianos, aumenta a produção, inunda o mercado mundial com petróleo, esmaga a OPEP e quebra a dominância política da Arábia Saudita, possibilitando gerar artificialmente enormes lucros com uma oferta escassa, mantendo os preços na estratosfera.

Entram artificialmente triliões de dólares no sistema financeiro mundial que origina negócios especulativos dos mais variados e cria a base da emergência da corrupção à escala planetária.
A eclosão da crise imobiliária das hipotecas dos créditos subprime nos EUA arrasta vários bancos para a insolvência, o que se repercute nas bolsas de valores de todo o mundo. Para evitar que esta crise se transforme numa crise sistémica e temendo que tocasse a esfera da economia real, os Bancos Centrais injectam liquidez no mercado interbancário, para evitar o efeito dominó, com a quebra em cadeia de outros bancos, tentando, assim, evitar que a crise se ampliasse à escala mundial.




Esta situação gera uma crise de liquidez e de retracção de crédito que ocasiona uma depressão económica sem precedentes, com a consequente crise de desregulação económica nos vários países e com a consequente onda de desemprego que atinge a Europa e Portugal.

A primavera árabe varre o mediterrâneo, berço da nossa civilização, o que determina novos equilíbrios geoestratégicos, mas simultaneamente também cria novas oportunidades, falando-se já do mediterrâneo como “motor da economia global”. O mediterrâneo, no plano maçónico, é palco da emergência da Confederação das Grandes Lojas do Mediterrâneo e da Europa do Sul e da União Maçónica do Mediterrâneo, patrocinada pelas maçonarias laicas e adogmáticas.




Reordena-se a economia, o tecido empresarial, cultural, ambiental e social, com reflexos, entre outros, no aumento do desemprego, na precarização do trabalho, na aceleração dos fluxos migratórios, na destruturação das famílias, na fragilização das economias familiares mais precárias, … São duramente atingidas as franjas mais frágeis da sociedade, incluso os jovens e os velhos. O aumento da esperança de vida na Europa, associado ao desemprego, cria novos problemas na sustentabilidade dos sistemas de segurança social.

Surgem contestações internacionais a este quadro político, económico e social, emerge o movimento dos indignados (Manhattan, Wall Streeet, …), instala-se a insatisfação, quando não pior, o medo – o medo da perda do emprego, o medo da perda da casa, o medo da perda de … .
Muscula-se o sistema fiscal, judicial e policial.

Emergem na geoestratégia internacional novos blocos internacionais, os BRIC, em que se assiste ao envelhecimento e declínio da maçonaria nos EUA e Inglaterra, mas, por outro lado, ao forte crescimento da maçonaria nas democracias do Brasil e da Índia.

Na Europa assiste-se ao despoletar e crescimento de movimentos nacionalistas e xenófobos. Assiste-se ao questionamento por via económica e financeira de vitórias arduamente conquistadas ao longo de anos, incluso de liberdades, direitos e garantias, chegando a ferir-se, por via da marginalização económica, a dignidade da pessoa humana.
Esta situação reflecte-se na organização da maçonaria a nível do mediterrâneo, do espaço ibero-americano e, sobretudo da maçonaria laica e agnóstica, nomeadamente em França, em que se desencadeiam novos quadros organizativos e de relacionamento inter-institucional e desta com a sociedade em geral.


A afirmação da via atlântica do movimento da lusofonia, em complementaridade com a convivência da via da integração europeista, gera igualmente novas oportunidades e novos desafios, quer à sociedade, quer à maçonaria em Portugal.

A Maçonaria em Portugal, perante este quadro, é confrontada a questionar novos caminhos, oportunidades e desafios, na afirmação do trajecto da sua história multissecular. 

A riqueza das implicações que este tema suscita incita-nos a partilhar as fronteiras do debate que seguramente esta conferência, que encerra o ciclo dos “Novos Paradigmas e Maçonaria”, nos poderá proporcionar"

[Fernando Castel-Branco Sacramento - Director do Museu Maçónico Português]

J.M.M.

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