sexta-feira, 3 de outubro de 2014

JOÃO CHAGAS: ESCRITA COMO ARMA

Foi há alguns meses colocada à disposição dos leitores pela Imprensa da Universidade de Coimbra a nova obra do Professor Doutor Joaquim Romero Magalhães, João Chagas: A escrita como arma, onde o distinto historiador, mais reconhecido pelos seus trabalhos sobre os Descobrimentos, se dedica à investigação da República e das suas figuras.

Depois de ter publicado em 2009, Vem Aí A República, o historiador aborda a figura de João Chagas e o seu papel como propagandista da causa republicana sobretudo através da imprensa e das obras de propaganda que publicou.

Nos dias que avizinham a data da implantação da República, este pequeno opúsculo de 90 páginas permite conhecer um pouco melhor as questões e os grandes momentos do combate dos republicanos para conquistar o poder, bem como os mecanismos que foram utilizando no tempo.


Podemos ver na sinopse da obra que a seguir se transcreve

No dia 5 de Outubro de 1910 a monarquia portuguesa caía sem quase haver quem a defendesse. E não porque as forças revolucionárias fossem tão poderosas que a derrocada se tivesse mostrado impossível de deter. Porém, poucos e pouco empenhados foram os defensores. Porque era geral o sentimento de que a monarquia já não servia o País. Fora esse o trabalho dos propagandistas, divulgando as ideias democráticas e convencendo os cidadãos da bondade das propostas republicanas. Muitos foram os que se empenharam na propaganda, não apenas pela palavra oral mas sobretudo pela escrita.
Entre eles o mais notável terá sido João Chagas – como escritor e como divulgador de ideias destrutivas arremessadas contra a monarquia. Através de toda a sua obra, desde A Republica Portugueza jornal publicado no Porto em 1890-1891 até às Cartas Politicas saídas em Lisboa em 1908-1910, foi a escrita usada como arma contra a dinastia e contra o que o regime representava de atraso para o País.
Escrita de alta qualidade, empregando modos de expressar muito vibrantes e directos, mas ao mesmo tempo caprichando em elegância formal e usando a ironia e a boa disposição de um modo destruidor para os visados. A escrita de João Chagas é por si mesma a lição de um modo de fazer política. Transformando a prosa num como que projéctil. Que resultou eficaz, multiplicando o apoio popular que o regime republicano já tinha no momento da queda da monarquia. Pelo que João Chagas tem de ser tido como um dos principais agentes da revolução do 5 de Outubro.

Este trabalho acompanha os escritos de João Chagas desde o Ultimato inglês até à queda da Monarquia Constitucional analisando as diversas obras que este autor publicou sobre os temas desde a prisão e deportação após o 31 de Janeiro de 1891, passando pelo exílio em Paris, pelo regresso a Portugal, pela Ditadura de João Franco e pelos tempos difíceis nas vésperas da República.

Uma obra que se recomenda aos nossos ledores que se interessam pelo estudo e análise da I República e das suas personalidades fundamentais e João Chagas é uma dessas personalidades.

A.A.B.M.

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