“Vivi o 25 de Abril como homem de esquerda e como administrador do
património da Casa de Fronteira e Alorna. Vivi-o dos dois lados. Não foi fácil,
mas foi fascinante.” [Fernando Mascarenhas]
Fernando
[José Fernandes Costa] Mascarenhas, Marquês de Fronteira e Alorna (e de outros
mais títulos) foi uma figura admirável pelo seu humanismo virtuoso, um “aristocrata”
de linguagem elevada, dialogante, de uma coerência respeitosa; homem culto,
excelente conversador, era de uma curiosa e franca erudição.
Nascido
a 17 de Abril de 1945, em Lisboa, de família com tradições liberais [a sua 5ª
avó foi a Marquesa de Alorna], filho de Fernando Penalva de Mascarenhas e de Maria
Margarida Canavarro Menezes Fernandes Costa, torna-se proprietário do palácio e
da herdade da Torre, tendo cedido (quase) tudo á “Fundação das Casas de Fronteira e Alorna” [que representa três importante casas nobiliárquicas:
Fronteira, Alorna e Távora], associação cultural, e que a 29 de Julho de 1989
criou, com todo o gosto. Foi seu presidente, tendo organizado vastas
actividades culturais, em especial no âmbito da Historia da Arte, da
Filosofia e da História.Frequentou filosofia na Universidade de Coimbra, tendo terminado a sua licenciatura (tardia), na Faculdade de Letras de Lisboa. Mais tarde lecciona (entre 1979-1988) na Universidade de Évora.
Durante
o Estado Novo, ainda estudante, patrocinou reuniões conspirativas contra a
ditadura, como a celebre reunião da CDE, em 1969, feita no seu palácio, tomando
inequívoca posição contra o regime. Foi candidato às eleições de 1969, no círculo de
Portalegre, pelo CDE e pertenceu à direcção do MDP até 1974. Homem de esquerda
e latifundiário, curiosamente, no decorrer da luta pela reforma agrária, quando
se lhe ocuparam as terras, confessou [ver entrevista] que aceitou o facto “pacificamente”,
até porque “não estava a desempenhar o papel de latifundiário com grande
convicção”. Foi assessor (1979) do Ministro do Trabalho, Jorge Sá Borges, no
governo de Maria de Lurdes Pintassilgo. Por volta de 1980 esteve na
fundação do Movimento Social Democrata [MSD], que não teve desenvolvimentos
posteriores. Colaborou no periódico “A Rabeca” (1974) e deixou alguns livros,
em especial o curioso “Sermão ao meu Sucessor – Notas para uma Ética de
Sobrevivência” (2003).
Morreu a 12 de Novembro de 2014.
J.M.M.
Morreu a 12 de Novembro de 2014.
J.M.M.
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