No âmbito de um ciclo de conferências dedicadas à evocação do Centenário da Grande Guerra, a Câmara Municipal de Lagos, realiza entre 11 de Novembro e 13 de Dezembro, pelas 21 horas, um conjunto de iniciativas bastante interessantes, que passam pelo cinema, exposições e conferências, que se deu o nome de A Guerra pela Paz.
Vão realizar-se 5 conferências ao longo deste mês nas instalações da Biblioteca Municipal de Lagos. A primeira subordina-se ao título em epígrafe e vai ser proferida pela Doutora Maria João Raminhos Duarte, no próximo dia 11 de Novembro.Pode ler-se na nota de abertura:
As narrativas historiográficas tiveram durante séculos como pressuposto o sentimento de pertença comum, da sociedade e dos indivíduos, a uma entidade nacional. Mas o 25 de Abril abriu um vasto e plural campo de investigação historiográfica e integrou consensualmente a mais-valia da História local pelo seu contributo imprescindível à construção histórica nacional.
Em coerência com o enunciado, para as comemorações do Centenário da I Grande Guerra Mundial em Lagos, tomou-se como objecto de estudo e de análise o Algarve nos tempos atribulados de I República. Deste modo, caracterizou-se o ambiente político, social e cultural da época nesta província tão esquecida pelo poder central, mas que, paradoxal e peculiarmente, se afirmava por um cosmopolitismo emergente.
Perante os alvores da guerra, o Algarve constitui um excelente observatório da jovem nação republicana, pelo que nesse microcosmo político se identificam as posições antagónicas, os protagonistas, a euforia da “miragem da guerra”, bem como os seus efeitos na sociedade algarvia e na mentalidade das suas gentes, ao longo dos quatro anos do conflito bélico. Neste caso concreto, procurou-se responder a algumas questões básicas: Como se integrou o Algarve nos preparativos da guerra? Qual a importância do seu contributo? Que personalidades (e anónimos) tomaram parte, directa ou indirectamente, no conflito? Quais as motivações e quais as expectativas que se colocaram na guerra para resolver os problemas do Algarve nessa época?
Importa, pois, conhecer a nossa História, nos seus mais variados aspectos, para tentarmos compreender qual é a importância, nos nossos dias, dessa memória e que inspiração nos dá o seu legado para a construção de projectos futuros.
Aprofundar o conhecimento sobre o passado recente do Algarve, “desenterrar” a sua História na I Grande Guerra Mundial, vai muito para além da História. É, de certa forma, promover um desígnio que faz cumprir a Paz e a Democracia.
É essa a intenção maior desta conferência.
Maria João Raminhos Duarte nasceu em Moçambique em 1959. É docente da Escola E.B. 2,3 Engº. Nuno Mergulhão, Portimão, e professora auxiliar do Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (ISMAT), Portimão. Doutorada em História Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com a tese Oposição à Ditadura militar e ao Estado Novo no Algarve: o caso do concelho de Silves, tem vários artigos publicados e conferências no âmbito da História local e regional algarvia contemporânea.
Publicou: Portimão, industriais conserveiros na 1ª metade do séc. XX, Lisboa, Colibri, 2003 (tese de Mestrado em História Contemporânea de Portugal); João Rosa Beatriz. Esboço de uma biografia política, Câmara Municipal de S. Brás de Alportel, 2003; José Rodrigues Vitoriano: o «operário construído», Junta de Freguesia de Silves, 2006; Presos políticos algarvios em Angra do Heroísmo e no Tarrafal, Lisboa, Colibri, 2009; Silves e o Algarve: uma História da Oposição à Ditadura (1926-1958), Lisboa, Colibri, 2010. No âmbito das Comemorações do Centenário da República e do 150º aniversário de Manuel Teixeira Gomes, colaborou em Portimão e a Revolução Republicana, coord. de José Tengarrinha, Câmara Municipal e Texto Editores, 2010.
Uma iniciativa que se saúda e a que o Almanaque Republicano se associa na divulgação junto de todos os interessados.
Com os votos do maior sucesso.
A.A.B.M.
Sem comentários:
Enviar um comentário