A escritora dirige, a partir de 1928, a convite de Ferreira
de Castro, a secção “O Reino dos Miúdos”, da Civilização Magazine, que se publica até 1932. Nesse mesmo ano
surge também a possibilidade de assegurar a direcção da publicação Modas & Bordados, ligada ao jornal O Século, conquistando nessa fase
visibilidade e reputação enquanto escritora e jornalista, além de que lhe
permitir algum desafogo económico. Manteve-se ligada a esta revista até Junho
de 1947, sob a acusação de ser um dos elementos mais activos do Conselho
Nacional das Mulheres Portuguesas. Renova a publicação, conquista novos
públicos e consegue transformar a publicação, cuja exploração era deficitária
numa publicação lucrativa, entretanto altera-lhe o subtítulo que passa a ser Vida Feminina. Prepara, organiza e
divulga a exposição Mulheres Portuguesas – Exposição da obra Feminina Antiga e
Moderna de Carácter Literário, Artístico e Científico que fica conhecido como O
Certame das Mulheres Portuguesas.
Realizou várias reportagens para O Século, viajando pelo estrangeiro como os escritos que fez sobre
Marrocos, Argélia, Gibraltar, mas também sobre a Madeira, entre outros.
Participou também em diversas
palestras pelo País, com destaque para as que realizou no Porto, Lisboa, na ilha
de São Miguel. Realiza, ainda em 1934, a conferência A Viagem do Espírito nas tardes artísticas de O Século. Torna-se sócia do Sindicato dos Jornalistas, com carteira
profissional também neste ano. Organizou várias exposições de arte regional,
por exemplo em Lisboa, Porto (no Ateneu Comercial); a exposição de livros
escritos por mulheres de todo o mundo realizada na Sociedade Nacional de Belas
Artes, em 1947.
Recebe em 1934 a condecoração de
Oficial da Ordem de Santiago de Espada atribuída pelo então Presidente da
República, Óscar Fragoso Carmona, pelo seu papel em prol das mulheres. No ano
seguinte desloca-se à Madeira e aos Açores, onde realiza reportagens, profere
conferências. Responde ao Inquérito às
Mulheres Portuguesas, organizado por O Diabo em 1936. Nesse ano
divorcia-se também pela segunda vez e, novamente, fica com a filha Maria
Cândida a seu cargo. Manifesta a sua adesão à Associação Feminina Portuguesa
para a Paz e assume a direcção da secção de Educação do Conselho Nacional das
Mulheres Portuguesas (CNMP).
Em 1937, assume a
responsabilidade de organizar um ciclo de conferências nos salões do jornal O Século. Leva a efeito também uma
exposição de tapetes de Arraiolos, elaborados pelas reclusas na cadeia das
Mónicas.
Maria Lamas inicia a sua vida
política, em 1945, assinando as listas de apoio à constituição do MUD – Movimento de Unidade Democrática. Nessa
mesma época inicia a sua actividade junto à direcção do Comissão Nacional das Mulheres Portuguesas. No ano seguinte é
eleita Presidente do CNMP. Em
conjunto com Sara Beirão apresenta
uma representação à Assembleia Nacional
sobre a capacidade eleitoral feminina, prejudicada pelo decreto-lei n.º 35 426,
de 31 de Dezembro de 1945. Participa também no primeiro congresso da Federação Democrática Internacional das
Mulheres (FDIM). No ano seguinte assiste ao encerramento da sede da Comissão
Nacional das Mulheres Portuguesas por despacho do Governador Civil de Lisboa. Nesse
mesmo período organiza, em sociedade com mais dois elementos, a Editora Actuális,
onde virá a publicar As Mulheres do Meu
País. Participa no II Congresso da Federação Internacional das Mulheres,
realizado em Budapeste. Envolve-se de forma decidida na campanha presidencial
de Norton de Matos, tendo nessa
ocasião participado num comício onde denunciava a política do Estado Novo em relação à mulher e à família.
Em 1949 passa a integrar a
Comissão Central do Movimento Nacional
Democrático (MND). Nesse mesmo ano foi detida passando algum tempo na
cadeia de Caxias e dirige a revista As
Quatro Estações. Submetida a julgamento em 1950 acaba por ser condenada
juntamente com os restantes elementos da Comissão Central do Movimento Nacional Democrático acabando
por ser amnistiada. Realiza a conferência A
Paz e Vida. A Polícia Internacional
de Defesa do Estado descobre novos envolvimentos de Maria Lamas nas
actividades oposicionistas e volta a ser detida em Caxias, onde se manifestam alguns
problemas de saúde. Envia correspondência a Oliveira Salazar onde protesta contra a detenção dos elementos dirigentes
do Movimento Nacional Democrático. Enquanto
dura esta detenção começa a escrever um diário em que narra as condições
quotidianas experienciadas na cadeia. Devido a razões de saúde acaba por ser
transferida, ainda sob prisão, para o Hospital de Santo António dos Capuchos. No
ano seguinte, volta à liberdade e dedica-se à tradução das obras da Condessa de
Ségur, João que Chora, João que Ri.
[EM CONTINUAÇÃO]
A.A.B.M.
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