CONFERÊNCIA: "Teosofia e Maçonaria”
ORADOR: dr. Vítor Quelhas;
ORGANIZAÇÃO: Museu Maçónico Português [Ciclo “Sextas da Arte Real”]
“Teosofia, do
grego, significa, literalmente, “conhecimento de Deus”, não
de um Deus externo ao Homem, mas do divino no Homem, vivido
e autorrealizado por experiência directa, sem a mediação de figuras de
autoridade “espiritual”, supostamente iluminadas, ou de doutrinas ditas
reveladas, dogmáticas e sectárias.
Embora seja o
substrato de todos os sistemas iniciáticos e de todas as grandes religiões e
filosofias geradoras de sabedoria do mundo, tanto ocidentais como orientais,
portanto uma sageza ensinada e praticada desde o início da humanidade pensante,
não se confunde nem se pode confundir com nenhum deles.
A sua natureza é
um corpus de saber e de prática autónomos, e primordiais, cuidadosamente
guardado e transmitido por teósofos, ou conhecedores de Deus, em todas as
épocas, e não se deve confundir, tal como não se pode confundir com
religiões e filosofias, com doutrinas e sistemas iniciáticos, esotéricos e
ocultistas que se manifestam pontualmente nas várias culturas do planeta.
Por ser ponto de
convergência de saberes e práticas da Teosofia universal, sob a forma de uma
linguagem e de uma simbólica iniciáticas, a Maçonaria pode considerar-se como
uma das herdeiras modernas dessa Teosofia perene, pelo que importa saber qual é
a relação entre ambas.
O termo Teosofia
aparece no terceiro século da nossa era, associado a Amónio Sacas, pai do
Neoplatonismo (síntese do platonismo com a sageza iniciática egípcia e judaica)
e tem um seu equivalente, na gnose hindu, sob a designação de Brahma-Vidya (ou
ciência de Deus), mas o conceito e a sua prática são muito mais antigos.
Modernamente está identificado com Helena Blavatsky, fundadora da Sociedade
Teosófica, em 1875, e ao revivalismo maçónico dos séculos XIX e XX, a que a
Teosofia contemporânea não é de modo algum estranha.
Como Ordem do
Átrio, como referia Fernando Pessoa, procurar-se-á analisar até que ponto a
Maçonaria se pode considerar como uma das herdeiras modernas da Teosofia
perene.
Se no decurso do
século XVIII, se assistiu à transição de uma fase pós-operativa, na qual os
trabalhos das Lojas constituíam apenas formas de sociabilidade, para um estádio
verdadeiramente iniciático, em que as cerimónias dão corpo à vivência de
psicodramas fundados em mitos de conteúdo intemporal, os rituais continuaram a
sofrer evoluções posteriores, adaptando-se aos novos paradigmas, que foram
entretanto surgindo.
Nos finais do séc.
XVIII a aristocracia a as classes intelectuais rendem-se ao deslumbramento da
descoberta do universo maçónico e revestem-na de novas roupagens simbólicas e
toda uma estrutura de graus que são posteriormente ordenados e
devidamente estruturados ao longo do séc. XIX e início do séc. XX.
São estes os
aspectos que se pretende aprofundar e discutir na presente conferência.
Contando com a vossa participação, apresentamos os nossos cumprimentos"
J.M.M.
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