GUIDA DA SILVA CÂNDIDO,
“Coração, Cabeça e Estômago – Uma Tertúlia Figueirense”, Divisão de Cultura da
Câmara Municipal da Figueira da Foz, Figueira da Foz, 2014, 50-XLI p.
FOTO [capa do livro] do grupo “Coração,
Cabeça e Estômago”, autoria de José Lopes Dias, e datada de 8 de Agosto de
1946.
Em pé: Raul Xavier, António Silveira,
Octaviano de Sá, Pedro de Aguiar, Luiz Xavier, Jaime Lopes Dias, Vítor Lopes
Dias, José Lopes Dias e Carlos Sombrio;
Sentados: Joaquim da
Silveira, Adolfo Santiago, Maria José, Cardoso Martha, Joaquim de Carvalho e
António Lopes Dias.
► Trata-se da história
de uma curiosa tertúlia cultural e gastronómica, grupo fundado (no Verão de
1936) por António Augusto Esteves (Carlos Sombrio) na vila da Figueira da Foz e
que reunia “ilustres intelectuais, escritores e artistas admiradores das artes
pantagruélicas”, sob o camiliano nome de “Coração, Cabeça e Estômago”. O estudo
de Guida da Silva Cândido é apoiado num conjunto vasto de fontes, entre as
quais o “Livro de Actas (1942-1948) do grupo - secretariado pelo professor,
escritor, poeta e jornalista [Manuel Augusto] Cardoso Martha (1882-1958)
[Cardoso Marta foi
assumidamente republicano (tendo sido um dos fundadores, em 1904, do semanário
“A Razão”, pertença do Centro Eleitoral Republicano José Falcão), livre-pensador,
etnógrafo, famoso bibliófilo (a sua muito curiosa biblioteca foi “herdada” pela
poetisa Natália Correia; é suposto que alguma da recolha de textos integrados
na polémica obra, e apreendida pela PIDE, organizada por Natália Correia,
“Antologia de Poesia Erótica e Satírica …”, publicada pela Afrodite em 1966, tenha
vindo da recolha anteriormente feita por Cardoso Marta), foi funcionário do
SNI, aproximando-se a partir dos anos 30/40 da politica cultural do Estado Novo]
O Grupo “Coração, Cabeça e
Estômago”, grupo de amigos, “replica dos Vencidos da Vida”, era presidido pelo
“superior espírito” de Joaquim de Carvalho e tinha por anfitrião, António
Augusto Esteves, aliás, Carlos Sombrio
[Carlos Sombrio, pseudónimo
literário de António Augusto Esteves (1894-1949), foi ourives de profissão (com
estabelecimento na Praça Nova, Figueira da Foz), curioso escritor (de ensaios,
novelas, contos – ganhou o 1º premio dos Jogos Florais de 19140 e 1941 - poemas
e breves crónicas – veja-se, entre outros, os trabalhos sobre João de Barros e
o general Freire de Andrade), coleccionador e bibliófilo, copioso jornalista –
começou a sua actividade no jornal republicano e maçónico, “A Voz da Justiça”,
prosseguindo por centenas de periódicos regionalistas, escrevendo, em especial,
prosa literária -, foi director da Biblioteca Municipal, participou (em 1925)
nas Comemorações do Centenário de Camilo Castelo Branco, levadas a cabo na
Figueira da Foz, também nas Comemorações do 1º Centenário no nascimento de Eça
de Queiroz, pertenceu a diversas associações culturais, comerciais e
recreativas da Figueira da Foz, foi maçon – Irmão “Francisco Brás” – da Loja
Fernandes Tomás, onde foi iniciado em Maio de 1920, tendo pedido o atestado de
quite em 1930]
Os comensais que fizeram
parte deste camiliano Grupo foram: Adolfo Gonçalves Santiago (armador de
navios), Alberto de Souza (aguarelista e ilustrador), Alberto Garcia (investigador
literário), António Augusto Esteves (Carlos Sombrio), António Cruz (jornalista),
António Lopes Dias (magistrado), António Piedade (pintor), António da Silveira
(professor do IST), Augusto dos Santos Pinto (jornalista e escritor), Cardoso
Martha, Carlos Gaspar de Lemos, Eduardo Miranda de Vasconcelos (professor),
Egídio da Costa Aires de Azevedo (professor da UC), Francisco da Luz Rebelo
Gonçalves (professor da UC), Jaime Lopes Dias (escritor e etnógrafo), João Reis
(poeta e pintor), Joaquim da Silveira (advogado e notário), Joaquim de Carvalho
(professor da UC), Joaquim Lopes dias (professor), José Lopes Dias (médico), José
Salinas Calado (médico e escritor), Juvenal de Araújo (professor Ed. Física), Lúcio
de Almeida (professor da UC), Luís Gonçalves Santiago (proprietário), Luís Xavier
(arquitecto), Mário Augusto (pintor), Octaviano de Sá (advogado, jornalista e
escritor), Pedro de Aguiar (jornalista), Raul Xavier (escultor), Vítor Lopes Dias
(jurista).
J.M.M.
1 comentário:
Do grupo dos comensais da tertúlia figueirense liderada pelo Professor Doutor Joaquim de Carvalho fazia parte Lúcio de Almeida, o meu avô paterno que foi professor na Universidade de Coimbra. Gostei de ver o nome do meu avô paterno, ao lado de um dos mais prestigiados e conhecidos professores de Filosofia, o Doutor Joaquim de Carvalho.
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