terça-feira, 13 de novembro de 2018

MUSEU DA REPÚBLICA E MAÇONARIA ENCERRA EM PEDRÓGÃO GRANDE



MUSEU DA REPÚBLICA E MAÇONARIA ENCERRA EM PEDRÓGÃO GRANDE, por A.B.H.
Depois de há praticamente duas décadas desempenhar uma relevante função turística e cultural na unidade de turismo rural “Villa Isaura”, na aldeia dos Troviscais, no concelho de Pedrógão Grande, em pleno Centro do país, o MUSEU DA REPÚBLICA E MAÇONARIA encerra definitivamente as suas portas ao público no próximo dia 31 de Dezembro.

Trata-se de um dos três raros museus no seu género existentes em Portugal e Espanha, sendo os outros dois em Lisboa e Salamanca. O MUSEU DA REPÚBLICA E MAÇONARIA ganhou notoriedade a partir de 13 de Outubro de 2012, quando formalizou com a Maçonaria Portuguesa/Grande Oriente Lusitano (GOL) um protocolo de colaboração, o qual contou em Pedrógão Grande com a presença do Poderoso Grão-Mestre do GOL, Dr. Fernando Lima.
Mas a sua actividade e colaboração com diversas outras instituições nacionais é muito anterior, designadamente através da cedência de peças e documentação, e reporta-se às comemorações dos 200 anos da Maçonaria em Portugal em 2002 (CM de Lisboa), 1º Centenário da República (em 2010-2011, no Palácio de Belém / Presidência da República e Casino da Figueira da Foz), Museu José Malhoa (Caldas da Rainha), Câmaras Municipais de Miranda do Corvo, Ansião, Condeixa-a-Nova, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera e Oliveira do Bairro. Nos últimos anos beneficiaram ainda do seu apoio e acervos o Museu do Aljube em Lisboa (2015) e o Panteão Nacional / Direcção Geral do Património Cultural (2017).
Contudo, apesar da sua manifesta importância nos domínios histórico e cultural, o MUSEU DA REPÚBLICA E MAÇONARIA tem vindo sistematicamente a ser ignorado em termos de apoios financeiros e institucionais por parte dos poderes públicos, designadamente por parte do Ministério da Cultura que, desprezando a qualidade e real importância dos seus acervos, acentua o seu carácter particular e a sua pequena dimensão para negar os apoios de que carece para se manter aberto ao público.
Não compreendem os proprietários do MUSEU DA REPÚBLICA E MAÇONARIA tal desinteresse público quando:
 1 - ele é actualmente o Museu mais significativo a nível nacional no seu género, a avaliar pelas sucessivas visitas de técnicos e requisições de materiais para documentarem exposições organizadas inclusive pela RPM (Rede Portuguesa de Museus);
2 - o Estado Português se dispõe a despender em Peniche – no Litoral português - quase quatro milhões de euros na instalação do Museu da Resistência e Liberdade, sabendo que idênticos princípios e objectivos são defendidos – no Interior / na Região Centro – pelo MUSEU DA REPÚBLICA E MAÇONARIA, a um custo (autárquico) que certamente não chegaria aos 5% daquele dispêndio público.
Contra esta disparidade de poderes, que beneficia sobretudo o Litoral rico em desfavor do Interior pobre, bem assim como os Museus da RPM contra os Museus particulares, não nos resta outra hipótese que não seja rendermo-nos nesta luta desproporcionada, assumindo a nossa relativa pouca importância, na guarda de um património próprio que amamos, mas que lamentamos não poder pôr ao serviço das gerações futuras, a quem gostaríamos de proporcionar uma outra história de amor e luta pelos sagrados princípios da liberdade, igualdade, fraternidade, justiça e tolerância.
Pedrógão Grande, em 12 de Novembro de 2018
Aires B. Henriques [AQUI - sublinhados nossos]
 
J.M.M

1 comentário:

Marco da Raquel disse...

É de uma tristeza enorme se tal acto não for interrompido.