MUSEU DA REPÚBLICA E MAÇONARIA ENCERRA EM PEDRÓGÃO GRANDE, por A.B.H.
Depois de há praticamente duas décadas desempenhar uma relevante
função turística e cultural na unidade de turismo rural “Villa Isaura”, na
aldeia dos Troviscais, no concelho de Pedrógão Grande, em pleno Centro do país,
o MUSEU DA REPÚBLICA E MAÇONARIA encerra definitivamente as suas portas ao
público no próximo dia 31 de Dezembro.
Trata-se de um dos três raros museus no seu género existentes em
Portugal e Espanha, sendo os outros dois em Lisboa e Salamanca. O MUSEU DA
REPÚBLICA E MAÇONARIA ganhou notoriedade a partir de 13 de Outubro de 2012,
quando formalizou com a Maçonaria Portuguesa/Grande Oriente Lusitano (GOL) um
protocolo de colaboração, o qual contou em Pedrógão Grande com a presença do
Poderoso Grão-Mestre do GOL, Dr. Fernando Lima.
Mas a sua actividade e colaboração com diversas outras
instituições nacionais é muito anterior, designadamente através da cedência de
peças e documentação, e reporta-se às comemorações dos 200 anos da Maçonaria em
Portugal em 2002 (CM de Lisboa), 1º Centenário da República (em 2010-2011, no
Palácio de Belém / Presidência da República e Casino da Figueira da Foz), Museu
José Malhoa (Caldas da Rainha), Câmaras Municipais de Miranda do Corvo, Ansião,
Condeixa-a-Nova, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera e Oliveira do Bairro.
Nos últimos anos beneficiaram ainda do seu apoio e acervos o Museu do Aljube em
Lisboa (2015) e o Panteão Nacional / Direcção Geral do Património Cultural
(2017).
Contudo, apesar da sua manifesta importância nos domínios
histórico e cultural, o MUSEU DA REPÚBLICA E MAÇONARIA tem vindo
sistematicamente a ser ignorado em termos de apoios financeiros e
institucionais por parte dos poderes públicos, designadamente por parte do
Ministério da Cultura que, desprezando a qualidade e real importância dos seus
acervos, acentua o seu carácter particular e a sua pequena dimensão para negar
os apoios de que carece para se manter aberto ao público.
Não compreendem os proprietários do MUSEU DA REPÚBLICA E
MAÇONARIA tal desinteresse público quando:
1 - ele é actualmente o
Museu mais significativo a nível nacional no seu género, a avaliar pelas
sucessivas visitas de técnicos e requisições de materiais para documentarem
exposições organizadas inclusive pela RPM (Rede Portuguesa de Museus);
2 - o Estado Português se dispõe a despender em Peniche – no Litoral português
- quase quatro milhões de euros na instalação do Museu da Resistência e
Liberdade, sabendo que idênticos princípios e objectivos são defendidos – no
Interior / na Região Centro – pelo MUSEU DA REPÚBLICA E MAÇONARIA, a um custo
(autárquico) que certamente não chegaria aos 5% daquele dispêndio público.
Contra esta disparidade de poderes, que beneficia sobretudo o
Litoral rico em desfavor do Interior pobre, bem assim como os Museus da RPM
contra os Museus particulares, não nos resta outra hipótese que não seja
rendermo-nos nesta luta desproporcionada, assumindo a nossa relativa pouca
importância, na guarda de um património próprio que amamos, mas que lamentamos
não poder pôr ao serviço das gerações futuras, a quem gostaríamos de
proporcionar uma outra história de amor e luta pelos sagrados princípios da
liberdade, igualdade, fraternidade, justiça e tolerância.
Pedrógão Grande, em 12 de Novembro de 2018
Aires B. Henriques [AQUI - sublinhados nossos]
1 comentário:
É de uma tristeza enorme se tal acto não for interrompido.
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