sexta-feira, 23 de agosto de 2019

FRANCISCO AUGUSTO CORREIA BARATA (PARTE I)



A III edição do Encontro de História de Loulé no final deste mês de Agosto conta com uma palestra sobre um dos filhos da terra que foi professor na Universidade de Coimbra: Francisco Augusto Correia Barata, cuja biografia muitos desconhecem e que na Universidade de Coimbra, consta com uma data de falecimento que não corresponde. Veja-se o que encontramos sobre esta personalidade que foi Professor de Química, Positivista, Deputado entre outras facetas que vamos descobrir.

Francisco Augusto Correia Barata nasceu em Loulé a 3 de Abril de 1847, filho de Joaquim José da Silva Barata e de Maria Emília das Dores, ambos naturais de Loulé. O pai era um pequeno comerciante/lojista na então vila de Loulé.

Estudou em Faro e fez os preparatórios na capital algarvia, matriculando-se em Outubro de 1866 na Universidade de Coimbra.

Concluiu o seu bacharelato em Coimbra, em Filosofia, em 1870, licenciou-se depois em 27 de Março de 1871. Viveu na cidade dos estudantes a polémica “Questão Coimbrã” e foi influenciado por algumas das ideias que estavam em confronto e afirmação. Completou o doutoramento em 14 de Julho de 1872, tendo sido apresentado por outro ilustre algarvio, neste caso de Olhão, o professor João José Mendonça Cortez. Professor substituto em 1873 e substituto de nomeação definitiva em 1875. Ascendeu a professor catedrático em 30 de Maio de 1877. A sua dissertação de licenciatura reflecte alguns aspectos novos, que estavam a ser integrados no ensino da Química em Coimbra, através do Congresso de Karlsruhe, realizado na cidade alemã em 3 a 5 de Setembro de 1860, onde se realizou o primeiro encontro internacional de químicos.

Foi responsável pelas cadeiras de Zoologia entre 1872 e 1873, nesse mesmo ano letivo, foi substituto extraordinário de Química; no ano lectivo seguinte foi professor substituto de Agricultura. A partir de 1873, professor substituto de Zoologia e ao mesmo tempo de Química Inorgânica (1873 a 1877) e também de Mineralogia (1873-1877). A partir de 1882 foi lente de Química Orgânica até 1897, quando se aposentou, ocupando também as funções de Director do Laboratorio Chimico (1890-1898).


Em termos políticos, apesar de alinhar na corrente filosófica do Positivismo, alinhou com o Partido Regenerador, na sua intervenção política e foi nomeado para Governador Civil de Viana do Castelo (19-10-1882 a 4-02-1884), sendo depois eleito deputado pelo círculo uninominal de Armamar.
O projecto positivista, de Augusto Comte, encontrou eco em Portugal com alguma rapidez. Esse acolhimento foi feito sobretudo nos núcleos mais elitistas da Universidade, das Escolas Politécnicas e das Escolas Médicas, onde as ideias começaram a ser veiculadas por alguns professores. Entre eles, como assinala Fernando Catroga, ["Os Inícios do Positivismo em Portugal", Revista de História das Ideias, nº1, Coimbra, 1977, p. 314 e ss disponível aqui: https://digitalis-dsp.uc.pt/bitstream/10316.2/43977/1/Os_inicios_do_Positivismo.pdf  ] encontramos Teófilo Braga, Manuel Emídio Garcia, José Falcão, Bernardino Machado, Rodrigues de Freitas, Júlio de Matos, Alves de Sá, Bettencourt Raposo, Augusto Rocha e Correia Barata, entre outros. Todos estes homens começaram a difundir algumas destas ideias através dos órgãos de imprensa periódica, entre eles: A Evolução(1876), O Século (1877), O Partido do Povo (1878) e O Positivismo (1878). 

[Em continuação]
A.A.B.M.

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