“A causa
próxima e directa da eclosão do movimento de 31 de Janeiro de 1891 foi a
consciência do contraste entre uma Pátria, forte e digna, que abrira à Europa
e, em particular à Inglaterra, as estradas dos Oceanos e as portas do Oriente,
e a Pátria de então, que cedeu, com humilhação e opróbrio, à brutalidade do «Ultimatum»
inglês.
Mais uma vez o Porto assumiu, heroica mas
isoladamente, as responsabilidades que lhe cabiam como capital cívica do país.
O Porto salvou a honra da nação. Viu-se que nem tudo estava perdido. E o
malogro dos precursores acendeu uma chama de esperança, que não voltou a
apagar-se.
Mas a consciência nacional, despertada pelo centenário
popular de Camões e pela mutilação que Portugal sofrera no seu corpo
ultramarino, balbuciava apenas. Era-lhe impossível ainda mobilizar todas as
energias da nação. A ideologia do partido republicano, incipiente, mostra-se
por demais abstracta e desligada dos grandes problemas sociais. Os intelectuais
e, em particular, os «Vencidos da Vida», amadores em política, e quase todos
simples demolidores, mostraram-se, na sua maioria, inaptos para a renovação
construtiva. Em vão Antero clamou que a primeira necessidade dos portugueses,
incluindo os seus pares, era fazer exame de consciência e renegar corajosamente
os crimes e erros próprios.
Se a história não tem sido a mestra da vida, é
porque os homens são tardos e remissos em aprender as suas lições e
actualizá-las em acção”.
[Jaime Cortesão, 25-1-1956] *
* Texto editado pela Comissão das Comemorações do 31
de Janeiro no Porto, em 1956, constituída por António Macedo, Armando Castro,
Artur Andrade, Guedes Pinheiro, Júlio Semedo, Mário Cal Brandão, Silva Petiz,
Veloso de Pinho e Oliveira Valença.
2 comentários:
Gralha? Armando Castro...
Gralha" Obgdo
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