[Miguel António Dias] Vozes dos Emigrados Portuguezes, Paris, Officina
de J. Tastu (Rua de Vaugirard), 1829, 16-II págs.
Muitos dos Emigrados, em consequência da
dispersão, em que se acham, nem assistiram, nem votaram por esta redação, mas ela
é certamente a expressão da vontade de todos. Alguns porem, aderentes ao sistema
da dissolução, ou ao seu autor, de quem dependem em virtude dos ordenados, que
arbitrariamente lhes continua a pagar, em quanto outros são repelidos
insolentemente, nem foram convidados a anuir à publicação dela, nem o quereriam
fazer por essas mesmas razões. Com tudo tais excepções não invalidam o voto
geral dos Emigrados portugueses, que é sem contestação o expresso nesta Declaração.
Todavia aqueles, cujos sentimentos não forem conformes aos nossos, e cujos
votos não tenderem á restituição da Liberdade da Pátria, e à restituição do trono
à sua Legitima Soberana, podem reclamar por via da imprensa, e no entanto se
devem considerar como as expressões de todos eles, as emitidas nesta Declaração.
[Nota do Editor]
► Trata-se
de um opúsculo liberal, saído anonimo, publicado em Paris, mas que é de Miguel António Dias [1805-1878; nascido na Covilhã, teve de exilar-se em 1828 quando
cursava em Coimbra, continuando os seus estudos médicos em Paris e Lovaina; liberal,
patuleia e importante maçon – Irmão Gama e Grão Mestre da Maçonaria Eclética
(1853-1860) – foi secretário-geral do governo civil de Santarém e deixou impresso
obra importante e de leitura obrigatória], em que se defende em nome dos
emigrados portugueses e da nação portuguesa, a “necessária e indispensável
intervençam dos Governos nos negocios de Portugal”, protegendo a legitimidade
das pretensões D. Pedro IV e os direitos de D. Maria.
Este vigoroso opúsculo foi
impresso em jornais franceses (Les cris des emigres portugais - cf. Ernesto do Canto)
e ingleses (vide Inocêncio F. Silva), tendo na altura os exilados atribuído a
sua redação à embaixada portuguesa. Segundo Inocêncio Francisco da Silva, no
seu verbete sobre Miguel António Dias no Dicionário, a sua publicação levou a
que “nos parlamentos francês e inglês” se começasse a “tratar seriamente de tal
assunto”.
J.M.M.
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