quinta-feira, 4 de junho de 2020

VOZES DOS EMIGRADOS PORTUGUEZES [MIGUEL ANTÓNIO DIAS]


[Miguel António Dias] Vozes dos Emigrados Portuguezes, Paris, Officina de J. Tastu (Rua de Vaugirard), 1829, 16-II págs.

Muitos dos Emigrados, em consequência da dispersão, em que se acham, nem assistiram, nem votaram por esta redação, mas ela é certamente a expressão da vontade de todos. Alguns porem, aderentes ao sistema da dissolução, ou ao seu autor, de quem dependem em virtude dos ordenados, que arbitrariamente lhes continua a pagar, em quanto outros são repelidos insolentemente, nem foram convidados a anuir à publicação dela, nem o quereriam fazer por essas mesmas razões. Com tudo tais excepções não invalidam o voto geral dos Emigrados portugueses, que é sem contestação o expresso nesta Declaração. Todavia aqueles, cujos sentimentos não forem conformes aos nossos, e cujos votos não tenderem á restituição da Liberdade da Pátria, e à restituição do trono à sua Legitima Soberana, podem reclamar por via da imprensa, e no entanto se devem considerar como as expressões de todos eles, as emitidas nesta Declaração. [Nota do Editor]

Trata-se de um opúsculo liberal, saído anonimo, publicado em Paris, mas que é de Miguel António Dias [1805-1878; nascido na Covilhã, teve de exilar-se em 1828 quando cursava em Coimbra, continuando os seus estudos médicos em Paris e Lovaina; liberal, patuleia e importante maçon – Irmão Gama e Grão Mestre da Maçonaria Eclética (1853-1860) – foi secretário-geral do governo civil de Santarém e deixou impresso obra importante e de leitura obrigatória], em que se defende em nome dos emigrados portugueses e da nação portuguesa, a “necessária e indispensável intervençam dos Governos nos negocios de Portugal”, protegendo a legitimidade das pretensões D. Pedro IV e os direitos de D. Maria.
 
Este vigoroso opúsculo foi impresso em jornais franceses (Les cris des emigres portugais - cf. Ernesto do Canto) e ingleses (vide Inocêncio F. Silva), tendo na altura os exilados atribuído a sua redação à embaixada portuguesa. Segundo Inocêncio Francisco da Silva, no seu verbete sobre Miguel António Dias no Dicionário, a sua publicação levou a que “nos parlamentos francês e inglês” se começasse a “tratar seriamente de tal assunto”.

J.M.M.  
 

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