DISCURSO PROFERIDO NA EVOCAÇÃO DA REVOLUÇÃO LIBERAL E HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES TOMÁS NO DIA 24 DE AGOSTO DE 2021, na Figueira da Foz, pela Associação Manuel Fernandes Tomás
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
O regresso, a cada ano, neste dia, a
este locai, representa o justo reconhecimento do papel crucial de Manuel Fernandes Tomás pela afirmação,
em Portugal, da “ideia de Liberdade", como lhe chamou Rui de Albuquerque.
Penso que todos os que aqui viemos
aceitamos que o Liberalismo teorizado, defendido, implementado, mas
sobretudo vivido peio mais ilustre de todos os figueirenses deve ser a
base de um território social e politicamente democrático, participativo
civicamente e tolerante na diversidade de opiniões.
Em 1820, Manuel Fernandes Tomás e Outros abriram a porta para a existência
de urna Constituição que teve raízes no Iluminismo do século XVIII,
ideologia e prática estruturante das sociedades europeias e do continente americano
do século XIX - de facto, este texto de 1822 afirmou “a existência de
Liberdade, de um consentimento e representatividade dos governados e da
igualdade perante a Lei” (…) pressupondo também “a liberdade de escolha
política, alternância de poder e, naturalmente, a liberdade de pensamento”,
de acordo com António Lopes.
O regresso, a cada ano, neste dia, a
este local, representa o justo reconhecimento do papel crucial de Manuel Fernandes Tomás na ousada luta
por valores e princípios que hoje admitimos como “naturais”, apesar de tão
recentes na história dos Homens, e, portanto, ainda tão pouco consolidados,
como o que está a acontecer no Afeganistão o demonstra.
Regressamos, a cada ano, neste dia, a
este local, para não deixar esquecer que os tiranetes que por aí andam, à espreita, com discurso fácil e
oportunista, vazio de soluções, mas carregado de ódios, mais não são do que o
regresso aos Antigos Regimes, aos Feudalismos, aos Absolutismos, aos
Imperialismos despóticos e desrespeitadores que Manuel Fernandes Tomás quis combater e destruir.
Hoje, regressamos a este local também
para comemorar os 250 anos do nascimento, a 30 de junho de 1771, do "Patriarca da Liberdade", numa
conjuntura ainda de pandemia, sem fim à vista, e que parece sugerir que não
conseguimos responder a perguntas tão simples como: ainda se lembra onde estava
antes? quais eram os seus problemas maiores? quais eram os seus planos? o que
valorizava? o que desvalorizava?
Por outro lado, porque o Covid-19 ainda
está a ser, é crucial perguntarmos: iremos voltar ao "normal"? vamos
caminhar cegamente num mundo que já não existe? o "novo normal"
pós-quarentena será muito ou pouco parecido com o "velho normal"
pré-pandemia?
Minhas
Senhoras e Meus Senhores,
Hoje, neste local da cidade onde nasceu,
viveu e interveio Manuel Fernandes Tomas,
permitam-me a ousadia de vos colocar as seguintes questões:
Se Manuel
Fernandes Tomás estivesse, aqui, entre nós, na Figueira de 2021: seria candidato à Câmara Municipal, à
Assembleia Municipal, a uma Junta de Freguesia? teria tido o acordo da Nacional
da respetivo Partido? aceitaria protagonizar uma candidatura “independente"?
teria tido liberdade absoluta para constituir as respetivas equipas? teria uma
"boa imprensa"? teria conseguido intervir, política e civicamente, ao
longo dos últimos anos, sem que lhe passassem constantes atestados menoridade
moral? teria sido poupado a ataques de cariz pessoal?
Bem sei que a resposta negativa à
primeira destas perguntas torna as seguintes impossíveis, mas como viemos aqui,
hoje, a este local, sobretudo para “celebrar uma vida plena de verdadeiro
empenho cívico, uma vida dedicada à defesa da Liberdade como um direito inalienável
e intrínseco a cada ser humano, uma vida eivada de um profundo e sincero amor a
Portugal", citando José Manuel
Martins, permitam-me compartilhar um sentimento de "estremecimento de
alma", ao supor uma resposta positiva a uma imaginária candidatura de Manuel Fernandes Tomás.
Assim, como seriam, nesta Figueira de
2021, as reações no Facebook? Qual seria a respetiva cobertura mediática? Quem
aceitaria fazer, com ele, parte dessa aventura?
Prefiro olhar para o que ele disse,
prefiro olhar para o que ele fez.
Prefiro colher, no seu exemplo, um
impulso para a luta pela defesa da liberdade!
Viva
a memória de Manuel Fernandes Tomás!
Viva
a Figueira da Foz!
Viva a Liberdade!
[Teotónio Cavaco, Representante da Associação Manuel Fernandes Tomás - sublinhados nossos]
J.M.M.
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