sexta-feira, 1 de dezembro de 2006
NEVOEIRO
Nem Rei nem lei, nem paz nem Guerra
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(que ânsia distante perto chora?).
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro ...
É a Hora!
Valete, Fratres
[Fernando Pessoa, 10/12/1928]
J.M.M.
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