Estação de Santa Apolónia: greve dos ferroviários em Janeiro de 1911
[Estação de Santa Apolónia guardada pela Guarda Nacional Republicana durante a greve ferroviária de Janeiro de 1911 - Foto de Joshua Benoliel, in Arquivo Fotográfico]
“A 17 de Outubro de 1910, quando os professores da Faculdade de Direito José Alberto dos Reis e José Tavares apareceram nos Gerais foram apupados por estudantes, que os obrigaram a abandonar o edifício. Depois, um numeroso público de académicos exaltados, conhecido por Falange Demagógica, penetrou nas salas dos Gerais, cujas portas arrombaram, destruindo por completo todas as cátedras, no gabinete dos professores, onde rasgaram as insígnias doutorais que aí estavam guardadas, e na Sala dos Capelos, onde partiram a cátedra de pau preto, uma mesa torneada da mesma madeira, bancos, cadeiras e até a grade, com mocas e machados, dando tiros de pistola contra os retratos dos últimos reis. O retrato de D. Carlos foi o mais danificado e o de D. Manuel II, de mestre António Carneiro, ficou esburacado em vários pontos. A borla doutoral do dr. Guimarães Pedrosa, lente de Direito Administrativo, a quem os estudantes chamavam o Petiz, por ser muito pequeno, veio parar ao meio da Rua Larga. O grave desacato, que foi acompanhado com gritos de Viva a Universidade livre! Abaixo a Universidade fradesca!, só terminou com a chegada do Governador Civil substituto, dr. Eduardo da Silva Vieira, que pediu serenidade e ponderação.” (Alberto Sousa Lamy, A Academia de Coimbra, p. 186).
2 comentários:
ainda hoje lá estive e é muito bom ver esta fotografia do mestre Joshua. obrigado.
“A 17 de Outubro de 1910, quando os professores da Faculdade de Direito José
Alberto dos Reis e José Tavares apareceram nos Gerais foram apupados por
estudantes, que os obrigaram a abandonar o edifício. Depois, um numeroso
público de académicos exaltados, conhecido por Falange Demagógica, penetrou
nas salas dos Gerais, cujas portas arrombaram, destruindo por completo todas
as cátedras, no gabinete dos professores, onde rasgaram as insígnias
doutorais que aí estavam guardadas, e na Sala dos Capelos, onde partiram a
cátedra de pau preto, uma mesa torneada da mesma madeira, bancos, cadeiras e
até a grade, com mocas e machados, dando tiros de pistola contra os retratos
dos últimos reis. O retrato de D. Carlos foi o mais danificado e o de D.
Manuel II, de mestre António Carneiro, ficou esburacado em vários pontos. A
borla doutoral do dr. Guimarães Pedrosa, lente de Direito Administrativo, a
quem os estudantes chamavam o Petiz, por ser muito pequeno, veio parar ao
meio da Rua Larga. O grave desacato, que foi acompanhado com gritos de Viva
a Universidade livre! Abaixo a Universidade fradesca!, só terminou com a
chegada do Governador Civil substituto, dr. Eduardo da Silva Vieira, que
pediu serenidade e ponderação.” (Alberto Sousa Lamy, A Academia de Coimbra,
p. 186).
Enviar um comentário