quinta-feira, 1 de março de 2007

ALFREDO PIMENTA - NOTA BREVE


Alfredo Pimenta [1882-1950], fez parte da geração da questão académica de 1907, foi inicialmente anarquista (pertenceu ao NEA, Núcleo de Educação Anarquista de Coimbra, sendo redactor do jornal Era Nova)

[foi influenciado por Kropotkine, Stirner, Nietzche - ver de A. Pimenta: "Factos Sociais", 1908, "Eu",de 1904, "Evolução de um Pensamento", de 1935; consultar o livro de António José Brito, "Para a compreensão do Pensamento Contra-Revolucionário", 1996],

seguidamente convicto republicano [vidé a propósito do seu "espírito" republicano: "Estudos Sociológicos", 1913; "A tensão positivismo-tomismo em Alfredo Pimenta", de Pinharanda Gomes, 1983], militando na corrente política evolucionista [colaborou no jornal A República], até se converter ao ideal monárquico em 1915 [ver "A Solução Monárquica", 1915]. Mesmo assim, ao longo desse tempo esgrima prosas acintosas contra a Causa Real no que deu, aliás, origem ao movimento "Acção Realista" (1924), onde militou com muitos dos adeptos do Estado Novo. Foi integralista, não tendo alinhado, porém, no Integralismo Lusitano, tendo mesmo desferido todo o seu ódio virulento num folheto contra A. Sardinha (e depois da morte do poeta) do que resultou uma curiosa polémica.

Aderiu à ditadura de Pimenta de Castro, foi Sidonista e pela "Republica Nova", defendeu entusiasticamente o fascismo italiano [leia-se o "Testamento de Mussolini", 1949, que prefaciou] e teceu loas (ignóbeis) ao nazismo [ver o jornal A Nação], tendo sido sempre um arrebatado salazarista.

Considerava-se "tradicionalista e monárquico anti-parlamentarista", caindo na mais vulgar das teocracias militantes. Foi conhecido como historiador, tendo pertencido à Academia Portuguesa de História [de onde foi expulso, sendo reintegrado por Pires de Lima], foi director do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (1949), mas, principalmente, fica na história como um impetuoso polemista [um "profissional de escândalos", como lhe chamou Afonso Lopes Vieira, tendo mesmo polemizado contra a alta hierarquia da Igreja em Portugal, e mesmo contra Pio XII, atacando amiúde o jornal do Centro Católico Novidades - leia-se "Eu e as Novidades"]. Publicou uma vasta e farta obra e, como curiosidade, registe-se que na sua faceta de poeta, publicou um livro, hoje raro, que abjurou depois, retirando-o do mercado [o "Eu", Coimbra, 1904]. Deixou um curioso testamento [datado de 19 de Janeiro de 1939] onde pede perdão "à família, aos amigos e inimigos pelo mal que lhes fizera".

J.M.M.

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