domingo, 25 de março de 2007

CRISE, CONFLITOS E GREVES NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA - NOTA BREVE


Desde a sua fundação (1290) a Universidade de Coimbra foi palco de infindáveis acontecimentos que tiveram no seu centro os estudantes e que, por isso, merecem a melhor das atenções. Quer se tenha tratado de invectivas, soiças ou arruaças, motins (como aquele contra os cristãos-novos (1630), tumultos (caso da desordem na sala dos Capelos em 1757), constituição de trupes (vide o Rancho de Carqueja, 1720-21), participação dos estudantes nas guerras da restauração (1645) ou nos diversos batalhões académicos formados, seja o caso do assassinato dos lentes (18/03/1828) ou a constituição da sociedade secreta dos Divodignos, até mesmo a acção das diferentes Sociedades Secretas (ex: Sociedade do Raio, 1861-1863), passando por pontuais, mas não indiferentes, movimentos de luta estudantil (caso do conflito havido, em Junho de 1938, contra uma conferência de um fascista italiano nos Direitos) ou mesmo, se quisermos, o repúdio da Academia contra o filme "Capas Negras" (1947) ou uma bem curiosa greve aos cinemas de Coimbra (1932), os estudantes da Academia de Coimbra conquistaram, ao longo de gerações, um espaço legítimo na luta política, social e cultural do país.

Desses conflitos, crises ou greves, que animaram o espírito coimbrão, registe-se pela sua vitalidade e importância:

o conflito conhecido por Tomarada ou Entrudada (Fevereiro-Março 1854) entre os estudantes e os futricas / conflito da Rolinada (Abril-Maio de 1864) onde participa Antero de Quental / a Questão Coimbrã (1865-1866) / a Zé Pereirada (1881) / a Questão da Sebenta (1883) / a greve (ou parede) de Maio de 1886 contra o Reitor Adriano Abreu Cardoso Machado / a greve de 1892 / a Campanha do Ferrão (1898) / a Revolta do Grelo (Março-Abril de 1903) / a Questão Académica ou a Greve de 1907 / o conflito resultante da criação das Universidades de Lisboa e Porto e o desdobramento da Faculdade de Direito (1911-1913) / conflito "Olha o Boné" (1913) entre estudantes e polícias / o conflito entre os estudantes da Escola Normal Superior e o seu director (Fevereiro-Março 1916) / a Greve de 1919 (Maio-Junho de 1919) contra a transferência da Faculdade de Letras / a Tomada da Bastilha (25/11/1920) / o conflito entre o V Ano Médico e o dr. Ângelo da Fonseca (Abril-Setembro 1921) / o conflito de Maio-Setembro de 1924 / a greve em "protesto contra a reforma universitária do Governo da Ditadura" (Maio de 1928) / a Tomatada (1930) / a reacção académica ao Decreto 40900 de 1956 / a crise académica de 1962 / a crise de 1965 como resultado da vitória nas eleições da AAC da lista do Conselho das Repúblicas / a crise académica e Greve de 1969 / a crise de 1970/71.

Fonte principal: A Academia de Coimbra (1537-1990), de Alberto de Sousa Lamy, Rei dos Livros, 1990.

Foto: reprodução da 1ª página do jornal do Conselho das Repúblicas, Coimbra, Março de 1968. Curioso porque traz um "Sumário da Crise" de 1961/62, uma reflexão sobre a Questão Coimbrã (por Celso Cruzeiro), além de vários artigos, entre os quais o "Desafio à Universidade" (por Rui Namorado) e "Os 20 Anos do Conselho de Repúblicas" (por Décio de Sousa)

J.M.M.

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