sexta-feira, 30 de março de 2007

PINTO QUARTIN



Nascido na Rua de S. Luís Gonzaga, em S. Cristóvão, Rio de Janeiro, filho de pai português (Bráz Leão Soares Quartin) e mãe brasileira (Guilhermina Augusta Castro Pinto), em 15 de Janeiro de 1887, com o nome completo de António Tomás Pinto Quartin. Foram seus padrinhos de baptismo os Barões de Quartin. Morre, em Lisboa, a 7 de Fevereiro de 1970.

Regressado a Portugal, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1905, onde se encontra em 1907, aquando da Questão Académica. O seu envolvimento nestes acontecimentos provocaram a sua expulsão da Universidade por um ano. Porém, a sua actividade política e a escrita nos jornais não lhe permitiram a continuação dos estudos, pelo que ingressou na vida jornalística.

Inicialmente colabora de forma esporádica no jornal A Vida, que se publicou no Porto, entre 18-03-1905 e 3-07-1910, onde colaboravam também: Manuel Joaquim de Sousa, Alfredo Pimenta, Ângelo Jorge, António de Sousa, Augusto Casimiro, Campos Lima, César Porto, Guilherme de Azevedo, Homem Cristo Filho, João de Barros, Rodrigo Solano e Vaz Passos.

Começa a sua vida como jornalista no jornal O Século, em 1908, onde se torna responsável pela secção "Vida Operária", pouco tempo após funda e dirige O Protesto,de que era proprietário e redactor principal, cujo primeiro número seria publicado em 25 de Julho de 1908 e que termina a publicação em 20- 03-1909.

Chefia também o efémero Amanhã[nº1, 1-06-1909 a nº 6, 15-08-1909], Lisboa, onde colaboram entre outros: António Altavila, Augusto Casimiro, Bento Casimiro, Bento Faria, Coriolano Leite, Emílio Costa, José Bacelar, Manuel Ribeiro e Tomás da Fonseca.

Colaborou também no jornal A Greve, Lisboa, [18-09-1908 a 1917] juntamente com Grácio Ramos onde pontificavam também Teodoro Ribeiro, Fernandes Alves, Trindade Correia, Ladislau Batalha, Augusto César dos Santos, João Pereira, César Nogueira, Teixeira Severino, Eduardo de Abreu, António José de Ávila, Hilário Marques, Jorge Coutinho, João Pedro dos Santos, Manuel Córdoba, Francisco Cristo, José Benedy, Luís Calvet de Magalhães, Deolinda Lopes Vieira [que viria a casar com Pinto Quartin], Rosalina Ferreira e Lucinda Tavares . Este jornal que começou por se publicar diariamente acabou por se transformar em bissemanário e mais tarde em mensário da classe operária.

Em 1911, Pinto Quartin colabora na revista Lúmen, que tinha por editor, Joaquim Madureira, o director era Severino de Carvalho e os colaboradores eram: César Porto, Bernardo Sá, Aráujo Pereira, Adolfo Lima, Jorge Coutinho e Luís da Mota.

Começa a organizar em sua casa, a partir de 1912, reuniões anarquistas onde assistiam Sobral de Campos, Neno Vasco, Aurélio Quintanilha, Mário Costa, Afonso Manaças, Lucinda Tavares, Susana Quintanilha, António Manaças e outros.

Em 1913 reaparece na direccção do semanário anarquista A Aurora, Porto, 10-07-1910 a 29-10-1916, publicaram-se três séries, num total de 54 números. Neste jornal colaboraram: António Alves Pereira, Alfredo Guerra, Maciel Barbosa, João Pinto Coelho, Serafim Cardoso Lucena, Manuel Joaquim de Sousa, Clemente Alves dos Santos.

Casa com Deolinda Lopes Vieira, de quem viria a ter dois filhos: Hélio Vieira Quartin (n. 1916) e Glícinia Vieira Quartin (n. Lisboa,20-12-1924 - fal.Lisboa, 28-4-2006).

Faz parte do jornal Terra Livre, colaboradores: Carlos Rates, Sobral de Campos, António Alves Pereira, Araújo Pereira, Bernardo de Sá, Campos Lima, Clemente Vieira de Campos, Emílio Costa, José Benedy. Este jornal acabou por ser perseguido e apreendido pela "formiga branca".

É preso e expulso do país após a explosão da bomba no dia 10 de Junho de 1913, por um período de dez anos, mas passados dois anos estava de regresso à redacção de O Século (1915). Durante a sua estadia no Brasil (1913-1915)colaborou na revista A Vida, ao lado de José Oiticica e Francisco Viotti. Durante esse período concede uma entrevista ao jornal diário do Rio de Janeiro, A Época, que teve grande repercussão.

Dirige os jornais Ultima Hora, Lisboa, 16-02-1921 a 3-3-1921, onde participaram também Ramiro Barros e Silva e Norberto Lopes; Actualidade.
Colabora ainda na A Aurora, 1917; O Movimento Operário, 29-04-1917 a 09-1918, publicou-se por iniciativa da União Operária Nacional, o editor era Ricardo Malheiro e o director era Alexandre Vieira; A Batalha, 23-02-1919 a 1949 [entre 1934 e 1949 publicou-se clandestinamente], dirigida inicialmente por Alexandre Vieira, com colaboração de: Joaquim Cardoso, Manuel Joaquim de Sousa, Alberto Dias, Carlos José de Sousa, David de Carvalho; A Pátria, Lisboa, 1920; A Tarde, 1923;O Primeiro de Janeiro, Porto [foi chefe da redacção deste jornal em Lisboa]; colaborou ainda no semanário O Diabo, Lisboa, 2-06-1934 a 21-12-1940; O Globo, Lisboa, 2-01-1930 a 20-07-1930.

Como viveu em Angola entre 1930 e 1936 colaborou na imprensa angolana como: A Província de Angola, Luanda, 1930-1936; O Planalto, Nova Lisboa, 1930-1936. Escreveu ainda as seguintes obras:
- Mulheres, s.d., s.l.
- Trezentos Contos (peça de teatro satírica, em 4 quadros), Luanda, 1934.
- A Lenda e o Processo do Estranho Caso Pauling (novela), Luanda, 1935.

Publica em 1908 um folheto intitulado Libertai-Vos!, com a seguinte dedicatória: para que [as mulheres] venham unir-se a esta legião aventureira e audaz que caminha, sofendo e cantando, para um mundo novo exuberante de amor e de justiça, do coração dedica o Autor.

Publicara já anteriormente dois folhetos: Vítimas da Guerra (conto antimilitarista), Lisboa, 1906; Mocidade Vivei!, Clássica Editora, Lisboa, 1907[livro proibido durante o regime salazarista];
Eu e a Questão Universitária, Clássica Editora, s.d.
Falar é semear, s.d.
O Sindicalismo e os Intelectuais, s.d.
Ao Trabalhador Diferente, s.d.

Traduziu ainda obras de Réclus como Ao Meu irmão Camponês, Lisboa 1908;
J. Cuenca, Como Não Ser Anarquista, Lisboa, 1909;
D. Elmassian, Lisboa, 1909.

O espólio de Pinto Quartin, legado à Casa da Imprensa, foi mais tarde depositado no Instituto de Ciências Sociais, no Arquivo de História Social e pode ser consultado online. Nele podem ser encontrados milhares de documentos sobre o movimento sindical e anarquista em Portugal. Para poder analisar os diversos documentos que aí existem deve consultar-se o catálogo da Exposição de Documentos de Pinto Quartin integrado no Seminário "O Movimento Operário em Portugal", organizado pelo Gabinete de Investigações Sociais, com texto de Maria Filomena Mónica, Lisboa, Biblioteca Nacional, 4 a 67 de Maio de 1981.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

Medina, João , Um Semanário Anarquista durante o primeiro governo de Afonso Costa: Terra Livre, Análise Social, GIS, vol. 17, nº 67-68-69,Lisboa,1981.
Oliveira, César de , Antologia da Imprensa Operária Portuguesa, Perspectivas & Realidades, Lisboa, 1984.
Pires, Daniel, Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX (1900-1940), vol I, Grifo, Lisboa, 1986.
Rodrigues, Edgar, A Oposição Libertária em Portugal: 1939-1974, Editora Sementeira, Lisboa, 1982, p. 147-148.
Sá, Victor de, Roteiro da Imprensa Operária e Sindical (1836-1986) ,Caminho, Lisboa, 1991.
Vieira, Alexandre, Para a História do Sindicalismo em Portugal, Seara Nova, Lisboa, 1974.

A.A.B.M.

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