segunda-feira, 23 de julho de 2007

NORTON DE MATOS: NOTAS BREVE - PARTE III


Norton de Matos: nota breve – Parte III

José Mendes Ribeiro Norton de Matos parte para Angola onde desempenha o cargo de Governador-Geral (1912-1915). É eleito deputado entre 1915-1917 e 1921-1925, sendo membro do Directório do Partido Democrático. Entretanto surge como Ministro das Colónias em 1915, depois Ministro da Guerra (1915-17) e "interinamente Ministro dos Negócios Estrangeiros" [1915; 1916. cf. Oliveira Marques, 1986]. Faz parte da Junta Revolucionaria da revolta de 14 de Maio de 1915, conspirando contra a ditadura de Pimenta de Castro. Não por acaso exila-se (1917-1919) no consulado Sidonista, ao mesmo tempo que é demitido de exército.

Em 1919 é delegado à Conferencia da Paz e, de novo, tem importante função em Angola, agora como Alto-Comissário (1920-1924). De 1924 a 1926 é o Embaixador de Portugal em Londres. Após a revolução de 28 de Maio de 1926, aparece como tendo acções de resistência, pelo que foi preso e colocado sob residência fixa (1927-1929) nos Açores.

[vidé sobre este período, e a propósito, a correspondência entre Norton de Matos, o General Sousa Dias e os combatentes de Fevereiro de 1927 in "O General Sousa Dias e as Revoltas Contra a Ditadura 1926-1931", por A. H. de Oliveira Marques, Dom Quixote, 1975. Note-se, ainda, a tentativa de criar um Comité Militar para fazer a "revolução", que seria chefiado por Norton de Matos, o que para o efeito levou à entrada clandestina de Jaime de Morais (em Junho de 1927) em Portugal (estava exilado na Galiza), para estabelecer acordos com o grupo do tenente-coronel Ribeiro de Carvalho]

Regressa Norton de Matos a Lisboa, mas de novo volta a exilar-se (1931-1932) no decorrer do 26 de Agosto de 1931. Nessa altura (Julho de 1931) liderava Norton de Matos a Aliança Republicana e Socialista

[movimento formado sob iniciativa de Sá Cardoso, que juntava várias correntes políticas unidas contra a Ditadura, pretendendo obter direitos como partido político e apostando na via legal contra a ditadura, de que faziam parte, além do General Norton de Matos, Mendes Cabeçadas, Hernâni Cidade, Duarte Leite, Ramada Curto, Mário de Azevedo Gomes, Mário de Castro e Tito de Morais, entre outros. A iniciativa de formar uma organização partidária, que aliás colhe alguma abertura por parte do general Carmona não tem efeito, dado a repressão verificada após a tentativa de revolta de 26 de Agosto de 1931, que põe fim às putativas intenções “pluralistas e liberais” do regime, sendo portanto "o canto do cisne do reviralhismo republicano" (cf. História Portugal, de José Mattoso, Vol. VII, 1994)]

Retorna Norton de Matos, em 1933, à sua casa em Algés, passando à reforma compulsiva da Função Pública em 1935. Surge como Presidente do Conselho Nacional do MUNAF (1943-45)

[Movimento de Unidade Nacional Antifascista, constituído em 1943, que editava o jornal Libertação Nacional. Diga-se que só aparece a sigla MUNAF em 1946. Até então o movimento assina CNUAF, ou Conselho Nacional Unidade Antifascista, de que faziam parte, além de Norton de Matos, Bento de Jesus Caraça, Mário de Azevedo Gomes, António Sérgio, Barbosa de Magalhães, José Magalhães Godinho, Fernando Piteira Santos, Moreira de Campos, Dias Amado (via GOLU), Alberto Candeias (via Seareiros), elementos do PCP, do Partido Socialista, da União Socialista, do Partido Republicano, da CGT, entre outros. Desaparece em Outubro de 1945, quando face à inoperância verificada é "lançado" o MUD (cf. Mattoso, 1994). Voltaremos, oportunamente, a este curioso tema]

Candidata-se o General Norton de Matos à Presidência da República (1948-1949) pela Oposição Democrática, vindo a desistir nas "vésperas das eleições". Intervém, ainda, nas eleições de 1953 para a Assembleia Nacional.

Morre em Ponte de Lima, a 2 de Janeiro de 1955.

[a continuarParte IV . A candidatura do General Norton Matos à Presidência da República]

J.M.M.M

Sem comentários: