quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A JUVENTUDE DE AQUILINO RIBEIRO



A propósito da polémica actual que corre sobre a trasladação dos restos mortais de Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional fomos investigar algumas situações sobre a vida deste ilustre escritor português. Porém, não vamos neste caso elaborar a biografia da personalidade, por demais conhecida, mas vamos talvez dar algumas achegas para factos menos conhecidos da sua vida.

Aquilino Ribeiro com 15 anos de idade (Outubro de 1900) começa a frequentar o Colégio da Roseira, em Lamego com o objectivo de realizar os preparatórios para acesso ao Seminário. Em Viseu frequenta até ao 2º ano de Filosofia.

Em Outubro de 1902 parte para o Seminário de Beja onde começa o seu interesse crescente pelas letras. Começa a colaborar na imprensa de forma clandestina, tendo iniciado a publicação dos seus textos no jornal de Olhão, Cruzeiro do Sul, que se publicou em 1903, onde colaboravam também João Lúcio, Cândido Guerreiro, Carlos Fuzeta, Bernardo de Passos, Maria Velleda, entre outros. Os seus artigos eram não assinados ou assinados com pseudónimo. Segundo se sabe, utilizou nesta fase de juventude o pseudónimo de Bias Agro ou A. Bias Agro. No entanto, o percurso para a vida eclesiástica fica interrompido quando, em Novembro de 1903, entrou em conflito com o reitor do Seminário de Beja, Manuel Maria Ançã.

Chegado a Lisboa, envolve-se na vida mundana da cidade, frequentando os cafés onde os republicanos exerciam uma considerável influência, sendo por essa via que se vai aproximando da vida política, que até ali, assistia de forma pouco interessada.

Candidatando-se a um posto de trabalho burocrático nos Caminhos-de-Ferro Portugueses, acaba por não o conseguir e torna-se um frequentador assíduo da Bibilioteca Nacional. Realiza traduções e torna cada vez mais pública a sua posição anti-clerical, o que o aproximou de alguns elementos da intelligentzia republicana da época.

Em 1905 manifesta-se publicamente contra a prisão de Máximo Gorki e de mais algumas dezenas de escritores presos aquando da denominada Noite Sangrenta em S. Petersburgo. Assiste à chegada de Bernardino Machado a Lisboa e aos confrontos com a polícia na estação do Rossio. Em 1906 vive em Soutosa regressando a Lisboa no final desse ano, de onde partirá em 1908 para o exílio forçado em França.

A partir de 1907 colabora em alguns periódicos assumidamente republicanos como A Beira, Vanguarda e toma parte em algumas conspirações iniciais contra o governo de João Franco. Datará desse período a sua entrada na Carbonária, onde participavam alguns dos seus amigos de eleição: Humberto de Avelar, Raul Pires e Alfredo Costa. Foi então por essa altura que Aquilino Ribeiro se começou a dedicar ao fabrico e manuseamento de explosivos com o objectivo político claro de derrubar a Monarquia. Sabe-se que esteve envolvido no caso da explosão acidental ocorrida em 17 de Novembro de 1907, na Rua do Carrião, tendo sido pronunciado em 30 de Março de 1908.

[a continuar]

A.A.B.M.

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