sexta-feira, 28 de setembro de 2007

RUA DO GRÉMIO LUSITANO


Antiga Travessa do Guarda-Mor [parece "provir de um Guarda mor da Relação, a quem foi aforado em dias de el-Rei D. Afonso VI um chão naquele sítio" – cf. Júlio de Castilho, Lisboa Antiga. O Bairro Alto, Vol I, 1954], que por sua vez seria a antiga Travessa do Relógio ["por ficar ... em frente da torre do relógio de S. Roque”, ibidem], passa em Janeiro de 1888 a ter a toponímia de Rua do Grémio Lusitano.

Era na Travessa do Guarda-Mor [ao nº 19] que ficava a habitação de Batalha Reis, casa onde, no princípio, se reunia o chamado Grupo do Cenáculo formado por jovens boémios e vanguardistas, como Antero, Augusto Fuschini, Carlos Mayer, Eça, João de Deus, José Fontana, Lobo Moura, Manuel Machado, Mariano Machado, Ramalho Ortigão, Salomão Saragga e outros, que foram pedra crucial, pelo debate político e literário aí existente, para a promoção das célebres Conferências do Casino de 22 de Maio de 1871.

É nessa rua, ao nº 25 [ex-35 da ex-Travessa do Guarda-Mor] que está localizada a sede do Grande Oriente Lusitano [G.O.L.], ou Palácio Maçónico [que antes existiria num "andar alugado na Rua Nova do Carmo, 43"], comprado a 17 de Novembro de 1879 ao pai do "maçon e político" José Relvas, Carlos Augusto Mascarenhas Relvas de Campos [cf. A. H. de Oliveira Marques, Dicionário de Maçonaria Portuguesa, vol. II, 1986].

Segundo Oliveira Marques (op. cit.) a instalação do Grémio Lusitano foi em Maio de 1880, ainda na denominada Travessa do Guarda-Mor. Em Janeiro de 1888 passa a ser denominada Rua do Grémio Lusitano, mas após as perseguições à maçonaria [ano 1918, 1929 e segs] e os assaltos verificados ao Palácio Maçónico, "foram as suas portas seladas" [18 de Maio de 1931] em consequência da Lei nº 1901 de 21 de Maio de 1935 [a celebre Lei de José Cabral contra as Sociedades Secretas] não só o Grémio Lusitano [enquanto associação cultural e de beneficência, legalmente constituída, que tinha a sede no próprio Grémio] é dissolvido mas também foi revogado por edital de 19 de Novembro de 1937 o nome da Rua do Grémio Lusitano, regressando à sua anterior toponímia de Travessa do Guarda-Mor. Em 1978, após o 25 de Abril de 1974, volta a Travessa do Guarda-Mor a ser a actual Rua do Grémio Lusitano.

J.M.M.

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