domingo, 30 de setembro de 2007

ALVES DA VEIGA (Parte II)


Foi, enquanto estudante, um apreciador e estudioso da filosofia de Kant. Por essa mesma época, fez a sua profissão de fé republicana, tendo redigido um semanário intitulado República Portuguesa, em que também colaboraram: Magalhães Lima, Alves Morais,Lopes de Melo, Álvaro de Mendonça, Almeida Ribeiro (que ainda eram estudantes),Manuel de Arriaga, Silva Pinto e Albano Coutinho.

No começo da sua vida de estudante redigiu igualmente um periódico chamado O Liceu(Coimbra, 1867).

Concluído o curso, foi estabelecer banca de advogado no Porto, onde
casou e leccionava as disciplinas do liceu. Dedicou todos os sacrifícios à
propaganda republicana, para cujo fim fundou a Discussão, que durou pouco tempo. Para David Ferreira, este "foi o primeiro diário republicano portuense da manhã".

Colaborou ainda no jornal Locomotiva, de Aveiro, a que já fizemos referência e que completamos aqui.

Nem uma hora sequer deixou de cumprir o seu dever de democrata sincero e devotado. Orador eloquente, tomou parte em quase todos os comícios e reuniões que por esse tempo se realizaram no país. A sua palavra era escutada e aplaudida.

Em 1875 e 1876, quando fixou a sua residência no Porto, foi um dos redactores da Actualidade, jornal que se publicou para se fundar o Centro Eleitoral Republicano, e na lista do governo provisório da República figura o seu nome.

Era considerado, devido ao grande prestígio que granjeou na cidade do Porto e arredores, o chefe moral e político dos republicanos do norte do País. Tendo em conta esta situação foi um dos organizadores da revolta de 31 de Janeiro, embora não concorde com ela, mas "em obediência a razões de ordem moral, assume o cargo de chefe civil da revolta".

Durante a Monarquia propôs-se como deputado republicano, mas perdeu a eleição. Quando ardeu o Teatro Baquet ,em 1888, recebeu em sua casa a rainha D. Maria Pia, que foi ver ali uns desgraçados órfãos que ele recolhera.

Foi companheiro de Magalhães Lima numa viagem ao estrangeiro em
1890. Na revolta de 31 de Janeiro de 1891, de que foi uma das figuras primaciais, leu das janelas da câmara municipal a proclamação do novo governo ao povo. Tendo-se malogrado a revolução emigrou para Paris, onde foi advogado dos consulados portugueses e brasileiros, continuando sempre entregue aos seus estudos predilectos.

Desenvolveu ainda actividade como docente no Porto, nos ensinos secundário e livre.
Com a implantação da República foi nomeado ministro de Portugal em Bruxelas (desde 1911), foi ainda nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros em 1915.

Escreveu: Discurso pronunciado na assembleia geral do Centro Eleitoral
Republicano Democrático do Porto, em a noite de 20 de Outubro de 1877
.
Publicou ainda em 1911 Política Nova (Ideias para a Reorganização da Nacionalidade Portuguesa), A. M.Teixeira, Lisboa, 1911.

Sobre ele escreveu Santos Cardoso, aquele que vai ser o seu braço direito durante a revolta de 1891:
- Verdades de Sangue, com dois juízos críticos pelos Ex.mos Srs. Drs.
Alves da Veiga e Pedro Amorim Viana
. Porto, Tip. Ocidental, 1877, 92 págs., uma de índice e outra de erratas.
Também o Prof. Manuel Emídio Garcia publicou um pequeno texto intitulado:
- Biografia do Dr. Augusto Maria Alves da Veiga. Saiu na Galeria Republicana, n.° 14, publicada em Lisboa em 1882.

Ingressou na Maçonaria em 1884, iniciado na cidade do Porto, na Loja Primavera, onde adoptou o nome simbólico de Descartes. Em 1887, passou para a Loja Independência, de que foi venerável. Atingiu o grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceite em 1889. Irradiado da sociedade em 12-08-1891, devido ao seu envolvimento nos acontecimentos do Porto, voltou a ser reintegrado em 21-10-1891.

Faleceu em 02-12-1924, em Paris.

BIBLIOGRFIA CONSULTADA:
- ALVES, Francisco Manuel, Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, vol. VII (Os Notáveis), 2ªed. Bragança, 2000.
- FERREIRA, David, "Augusto Manuel Alves da Veiga", Dicionário de História de Portugal, vol. VI, (Dir.) Joel Serrão,Livraria Figueirinhas, Porto, 1992.
- MARQUES, A. H. de Oliveira (Coord.), Parlamentares e Ministros da 1ª República (1910-1926), Col. Parlamento, Edições Afrontamento/Assembleia da República, Lisboa, 2000.
- MARQUES, A. H. de Oliveira, Dicionário de Maçonaria Portuguesa, vol.II, Editorial Delta, Lisboa, 1986.

[Na fotografia veja-se Alves da Veiga(sentado) a ver um livro e Magalhães Lima]

A.A.B.M.

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