sábado, 24 de novembro de 2007

ALBERTO COSTA [PAD'ZÉ]: NOTA BREVE (PARTE II)


Alberto Costa [Pad'Zé]: nota breve – Parte II

Aconteceu que o Pad'Zé, no ano de 1899, troca palavras pouco elogiosas com o lente Henrique Teixeira Bastos, no que resulta, após processo disciplinar respectivo, o seu afastamento da Universidade por dois anos. Na recusa do exílio coimbrão, Pad'Zé vê-se com a polícia à sua procura, ante a algazarra e gozo dos seus companheiros que acompanhavam a caricata situação. De comum acordo com o seu amigo Afonso Lopes Vieira [foto acima, Lopes Vieira e o Pad'Zé], por fim, lá partiu o "rebelde" Alberto Costa para Lisboa, a cumprir a sentença de expulsão da Universidade.

Porém, "não querendo sacrificar o pecúlio familiar à sua desditosa sorte" [cf. Rosa, 2000], parte para S. Tomé, onde é gerente e administrador de uma roça. Ao mesmo tempo que trava conhecimento com António José de Almeida [que aí era clínico desde 1896]. Depois desse exílio forçado, agora homem "rico", regressa de novo a Coimbra, onde chega no Outono de 1901. E não faz por mais; fica hospedado num dos "melhores hotéis da cidade", enquanto procurava residência na Rua da Matemática. Ao que parece, o assombro pela súbita "regeneração" do antigo boémio foi total na Academia. No entanto, a mudança face à Universidade e à vida, foi fugaz. Em breve, na sua casa da Rua da Matemática, onde um grupo de fiéis amigos se instalou [caso de Aquiles Gonçalves, mais tarde um dos grevistas da questão académica de 1907, Manuel Pessanha, Carlos Mendonça] regressaria à sua "anterior faceta" de boémio. Nessa ocasião, além do jovem republicano Carlos Mendonça, conhece Aníbal Soares [mais tarde advogado, redactor do jornal monárquico Diário Ilustrado, do jornal O Nacional e, ainda, do Diário Nacional, director do Correio da Manhã, deputado fiel a João Franco, anti-republicano e exilado pós a instauração da República], de quem foi bastante amigo. Muda de habitação, instalando-se nos Palácios Confusos, enquanto tem mesa e roupa lavada em casa de um familiar, um primo padre, que o pai lhe disponibilizou.

A vida política anda agitada no país e a Academia de Coimbra não fica indiferente, pelo contrário. O "nosso" Pad'Zé continua, ainda, "insubmisso", vadio e de casa em casa, fazendo amigos em diferentes quadrantes políticos [Campos Lima, Carlos Amaro, Alberto Machado, etc.], estuda por fim. Termina a sua formatura a 21 de Julho de 1904, partindo para a sua aldeia de origem. Mas depressa entende que à "falta de agitação" o melhor seria ir para Lisboa onde se instala. E, tal era a sua reputação de invulgar causídico que Alexandre Braga o convida a trabalhar no seu escritório, na Rua do Ouro. Começa, a partir daí, a sua aproximação aos meios republicanos e a crença na "revolução" que virá um dia.

[a continuar]

J.M.M.

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