domingo, 2 de março de 2008
EFEMÉRIDES DE FEVEREIRO DE 1908
Dia 1
- D. Carlos e o principe herdeiro Luís Filipe foram abatidos a tiro por um grupo de homens ligados à Carbonária. Deste grupo conhecem-se os nomes de Manuel dos Reis Buiça e Alfredo Luís Pereira da Costa , que foram abatidos na altura, e de José Nunes, Aquilino Ribeiro entre outros que participaram na conspiração.
Dia 8
S.Tiago do Escoural: Reunião da Comissão Paroquial Republicana que era constituída pelos cidadãos: Albino Vasques Fadista, António Gonçalves Matias Júnior, Flamínio António Abrantes, José Justo de Leão, José António Abrantes e José Joaquim Pisco.
Dia 15
Agostinho Fortes reliza uma conferência na Academia de Estudos Livres, Rua da Boavista, nº 140, 2º, sendo a última lição do curso de história pátria.
Dia 17
- Coimbra: Reunião das Comissão Municipal e Paroquiais do concelho, que resolveram desencadear “uma grande e activa propaganda do grande ideal, porque todo o bom português deve aspirar – a República – promovendo para isso sucessivas conferências no Centro Republicano e pelas povoações rurais".
- A Comissão Paroquial Republicana de S. Teotónio (Odemira) que tinha sido um baluarte republicano desde 1880, mandou imprimir mil exemplares da Cartilha do Zé Povinho, de José Falcão.
- A Comissão Paroquial Republicana de Cacia (Aveiro) inaugurou um curso nocturno para analfabetos adultos.
Dia 18
Reunião da Assembleia-Geral do Centro Republicano Académico de Coimbra para eleição da nova direcção. Esta ficou assim constituída: Mário Malheiros, presidente; José Tamagnini, vice-presidente; Júlio Dias da Costa e Francisco Luís Tavares, secretários; Álvaro Marques Machado, Alexandre Magno Ferraz de Andrade, vice-secretarios.
Dia 19
Reuniu-se a Comissão organizadora do Congresso Nacional do Livre Pensamento, sob a presidência de Nobre França, secretariado por Lourenço Correia Gomes e Augusto José Vieira, na Associação do Registo Civil, a fim de se escolher os 9 relatores das teses a discutir:
1º A Igreja e o Estado. A - Teses gerais; B – Teses especiais
2º Instituições Familiares
3º Direitos Políticos e Civis
4º Instrução Pública
5º Assistência Pública
6º Feminismo
7º Militarismo
8º Impostos.
Dia 20
- Comissão Paroquial Republicana das Mouriscas (Abrantes): Efectivos – Manuel Lopes Esteves, presidente; Augusto Dias Agudo, secretário; José Marques Esparteiro, tesoureiro; Substitutos: Francisco Gueifão Belo; António Dias Ródão; Daniel Marques Rombo.
- Comissão Paroquial de S. Martinho das Amoreiras (Odemira): Efectivos – Joaquim da Conceição Dias do Carmo, presidente; Sebastião Figueira, vice-presidente; Baltazar Calapez, 1º secretário; Norberto da Silva Matos, 2º secretário; Manuel Joaquim da Silva Graça, tesoureiro.
Dia 22 e 23
- Inauguração do Teatro Escola Heliodoro Salgado, no Beato, onde tomam parte Agostinho Fortes, António Pereira Cacho, Abreu Castelo, Francisco Baptista Gomes.
Dia 23
- Anunciava-se para breve o início da publicação de um jornal que seria o órgão do Partido Republicano , intitulava-se O Intransigente e o director era o médico, presidente da Comissão Municipal Republicana, Dr. José da Rocha Pina Corte Real.
- Assinalava-se a festa de encerramento da Missão nº 178, das Escolas Móveis pelo Método de João de Deus, no Centro Republicano Latino Coelho. Discursaram na ocasião Feio Terenas, a professora Adelaide Gomes Freire Ferreira e por fim, Joaquim Roque da Fonseca e João de Meneses.
- No Centro Republicano Rodrigues de Freitas realizou-se um banquete de homenagem aos srs. Macedo Bragança, José do Vale, Ricardo Covões, António Fernandes e Juvenal Sacadura que estiveram presos no Forte de Caxias, por ocasião dos últimos acontecimentos políticos. O banquete com 48 talheres correu de forma muito animada.
Dia 24
Homenagem a Teófilo Braga, por ocasião dos seus cinquenta aos de vida literária. Esta sessão decorreu na Associação de Professores do Ensino Livre. Discursaram Manuel de Arriaga, Urbano Rodrigues, Agostinho Fortes, António Ferrão e o homenageado.
[NOTA IMPORTANTE: Lamentamos a publicação tardia destas efemérides,-pois referem-se ainda ao mês de Fevereiro - mas a sobrecarga em termos profissionais, impede-nos de realizar as pesquisas necessárias para confirmar os dados e organizá-los para publicação. Solicitamos a todos a melhor compreensão.]
A.A.B.M.
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2 comentários:
Prezados senhores:
Na lista das efemérides referentes ao mês de fevereiro de 1908,, saída no vosso blog Almanaque Republicano,diz-se que o Rei e o Prícipe Herdeiro foram abatidos, no dia 1, por um grupo de homens ligados à Carbonária. Acrescenta-se que desse grupo são conhecidos, entre outros, os nomes de Alfredo Costa, Manuel Buiça, José Nunes e Aquilino Ribeiro. Causa bastante estranheza que sobre um tema tão delicado, algumas personalidades, ligadas à investigação histórica, emitam juízos tão categóricos e, sobretudo, tão infudamentados. O Rei e o Príncipe não foram atingidos pela fusilaria de um grupo, mas apenas pelas balas do Costa e do Buiça. Aquilino Ribeiro não esteve no Terreiro do Paço, como ele próprio refere no seu livro "Um escritor Confessa-se". Nessa altura encontrava-se refugiado nas àguas furtadas de um prédio da Rua Nova do Almada e tornar-se-ia de todo descabido aparecer num lugar público, repleto de guardas e bufos à paisana, que mais não fosse porque, sendo activamente procurado, correria o risco de ser prontamente preso ou, estando envolvido na conspiração, de a fazer abortar caso o reconhecessem. Mas, em boa verdade, não terá havido qualquer conspiração para matar o Rei. Os regicidas iam atentar contra João Franco, o ditador, e, como este não apareceu, resolveram, na emergência, visar o soberano. ( Assim o dizem Aquilino Ribeiro, Luz de Almeida, Machado dos Santos e o próprio José Nunes). Estranho igualmente que os artigos de Aquilino, retirados da Seara Nova, - e melhor fora que os extratasssem do livro "Um Escritor Confessa-se"-recebessem o título: - Regicidio - um testemunho "suspeito."- Suspeito, por quê? Os subentendidos que as aspas insinuam, ou denunciam preconceito, ou escondem um deplorável parcialismo. E contra isso também me insurjo.
Com a devida consideração.
Aquilino Ribeiro Machado
Leio com todo o interesse e respeito - apesar de tardiamente - o seu comentário. De facto pode não fazer sentido Aquilino no Terreiro do Paço a 1 de Fevereiro, mas que factos fazem sentido nesse dia? Nesses dias? Quanto à ideia de não haver«qualquer conspiração» para matar o Rei é uma afirmação tão absurda que todas as investigações recentes o desmentem categoricamente. Até o próprio GOL, pela boca do seu Grão-mestre actual, disse recentemente que «está historicamente comprovado que o regicídio resultou de uma decisão de uma organização que teve à sua cabeça o sector operacional da Carbonária (...)» Acrescentando: «Por detrás do regicídio está a Associação do Registo Civil, e apesar de a ela poderem pertencer muitos maçons, a Maçonaria nada tem a ver com o assunto». Eu próprio, em várias publicações, apurei um número de 22 nomes que prepararam expressamente o regicídio (e não o de Franco, que julgavam um mero executor das ordens do Rei), e de pelo menos 17 executores do plano. Entre outros livros, escrevi a biografia de um grande amigo do seu ilustre ascendente, natural daquelas terras da Beira Baixa que Aquilino - o grande Aquilino! - achava composta por «brenhas e barrocais», onde se aprendem «as manhas de um raposo velho»; «um zorro do Alcaide». Por sinal as terras onde nasci também e sem ter culpa e nenhum orgulho - antes pelo contrário - de ser conterrâneo do ditador Franco. Mas terra afinal tão pura como o Carregal, e aliás gleba de gente boa, e não só de zorros, onde Aquilino por sinal «nunca gastara a sola dos sapatos» - para usar uma expressão sua. Contudo, ao contrário de mim, que execro a figura de um déspota, Aquilino sim, tinha em boa conta os dois facínoras, dois assassinos, aos quais deu horas de ficarem laureados, ad aeternum, pela sua brilhantíssima pena de escritor maior. Se por um lado é justo que se rendam as melhores homenagens a um dos melhores plumitivos portugueses, também é tempo de se deixar de tratar os portugueses como se fosse um agregado de imbecis ou zorros. Com elevada consideração, M.A.
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