O 9 de Abril – por Ferreira do Amaral
"... Os senhores políticos, com a maior impolítica começaram a acusar-se mutuamente de responsáveis pelo que se passou, nos pântanos da Flandres, no dia 9 de Abril de 1918, esquecendo-se todos eles de que o general alemão Ludendorff não consultou nenhum dos partidos políticos de Portugal para tomar a deliberação de forçar o caminho de Calais, nesse dia; e que também não explicou a nenhum político do nosso paiz, porque é que não deliberou atacar esse ponto da frente aliada, antes ou depois de 9 de Abril de 1918.
Os políticos denominados ‘democraticos’ vomitam pragas contra os chamados ‘sidonistas’, acusando-os de responsáveis pelo desastre de 9 de Abril, o que nos leva a concluir que estão convencidos, ou que sabem de fonte segura, que os ‘sidonistas’ pediram ao general alemão a fineza de atacar os portugueses, sem falta, nesse dia!
Em revindita, os ‘sidonistas’ despejam sobre os ‘democraticos’ as maiores diatribes, tornando-os responsáveis pelo desastre de 9 de Abril: e deste modo, devemos ou podemos concluir que os ‘sidonistas’ possuem documentos, em que provarão, a seu tempo, que o governo que mandou as tropas para o ‘Front’ ocidental, empregou todos os esforços para que os portuueses fossem colocados num sector, que de antemão se sabia dever ser atacado no dia 9 de Abril de 1918!
Ambos os adversários chamam ‘DESASTRE’ ao que se passou nesse dia com os portugueses, que procuraram evitar o avanço alemão até onde o seu máximo esforço o permitia.
É caso para notar uma falta que ambos os partidos cometeram, para se poderem acusar mutuamente; foi o não terem enviado a tempo, delegados especiais para assitirem ao ‘DESASTRE!’.
[Major d'Infantaria Ferreira do Amaral, in A Batalha do Lys. A Batalha d’Armentières ou o 9 de Abril, Lisboa, Typ. do Comercio, 1923, p. 8-9]
J.M.M.
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