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In Memoriam de Francisco Martins Rodrigues – IV Parte
A FAP e o CMLP (1964), organizações nascidas de ruptura ideológica e política com o PCP [veja-se o doc. proclamação da FAP: "O caminho da insurreição anti-fascista e da liberdade, s.l, 1964" ou a Revolução Popular, Outubro 1964, nº1] e sem sólidas bases de apoio constituídas no "interior" do país, não tinham uma estrutura organizativa regular para o trabalho político que ambicionavam: reconstrução do PCP e ser guia da frente nacional anti-fascista. A entrada clandestina em Portugal dos três mais destacados militantes do CMLP (aqui, anteriormente, referidos), visava organizar e dotar a organização em Portugal dessa rede "revolucionária".
Como foi referido, João Pulido Valente, a 21 de Outubro de 1965, foi preso numa casa da Av. da República [por denúncia de Mário de Jesus da Silva Mateus, militante da organização e informador da PIDE], seguindo-se [segundo "Uma nota da PIDE", in jornal República, 24/02/1966, p. 15] a prisão de Sebastião Martins dos Santos [operacional da FAP na Margem Sul], João Evaristo de Jesus Martins [operário], Sebastião dos Santos Silva [estudante], Manuel Armando Jimenez Gonzalez Quirós (1939-1975) [Manuel Quirós, ex-PCP, militante do CMLP, foi professor do ensino técnico, foi preso político de 1965-69 (saiu da cadeia por doença), militou depois do 25 Abril no PCP(R). Dirigiu e traduziu diversas obras marxistas-leninistas (maoistas) para a editora Maria da Fonte e fundou a revista "Que Fazer?". Morre a 25 de Outubro de 1975], Victor Manuel Pinto Catanho da Silva e José Luís Machado Feronha [estudante].
O movimento marxista-leninista, mesmo com o reagrupamento de alguns dos militantes do CMLP [ao todo 13] na chamada I Conferência do CMLP, em Janeiro de 1967, [curiosamente dá-se nessa conferência o afastamento (ou cisão) de alguns dos seus militantes - de nomes clandestinos Álvaro, Gomes, Octávio, Pedro e Saraiva - que via um panfleto denominado "Uma Fraude” (datado de Janeiro de 1967), tecem vários considerandos sobre a "luta ideológica" a seguir, referindo que "sempre se tentou impedir a reestruturação da direcção no interior", e apresentando como principal instigador desse facto um "antigo membro do Comité do Exterior", dizendo que "tem de terminar a fraude representada pelo grupo direitista que falam no estrangeiro em nome do proletariado português"], será caracterizado por constantes fragmentações, divergências e crises permanentes, que nascem de intrigas, lutas pelo poder ou mera luta pessoal [Correia, ibidem], a par de uma "verborreia" ideológica tortuosa e por vezes caricata. Ter-se-á que esperar até aos anos 70 para que no interior do país e em resultado das eleições de 1969, da crise económica, de uma maior consciencialização político-social [em que o Maio 68 marca um lugar especial] e, principalmente, da guerra colonial, para ver surgir novas organizações que tentam reunificar a corrente marxista-leninista [falaremos em próximos posts dessas organizações]
Nota: a foto, acima, com os três milItantes da FAP/CMLP - Francisco Martins Rodrigues, João Pulido Valente e Ruy d'Espiney -, foi retirada, com a devida vénia, da Fundação Mário Soares.
[a continuar]
J.M.M.
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