quarta-feira, 9 de julho de 2008

EURICO DE FIGUEIREDO - GUERRILHEIRO SENTIMENTAL. ESTÓRIAS DE EXÍLIO


Eurico de Figueiredo – Guerrilheiro sentimental. Estórias de exílio

"Estas 'Estórias' estão na gaveta desde 1977. Têm todas um núcleo verdadeiro. Recorremos à amálgama, à descontextualização e a outros estratagemas para tornar irreconhecível, salvo eventualmente para os próprios, se ainda vivos, a identidade das personagens. São estórias muito portuguesas relacionadas com a emigração e o exílio, onde se revelam o sentimentalismo, o abandono e o desespero dos que ficam, o desenrascanço, o risco, a indecisão, a dependência dos que partem, a nobreza de carácter de muitos e a baixeza de alguns! O exílio e a emigração são experiências que nos põem à prova, no melhor e no pior que temos.

Esta primeira experiência de contista, apenas revela uma propensão pessoal para a intervenção polivalente. Não temos qualquer pretensão literária tardia. Quisemos apenas guardar memórias. Além do mais escrevê-las deu-nos um imenso prazer
" [Eurico Figueiredo – ver aqui]

Eurico Figueiredo nasceu em 1939, em Vila Real. Militou no MUD Juvenil e na juventude comunista. Apoiou a campanha de Humberto Delgado. Foi um destacado militante do movimento associativo estudantil, tendo sido preso em 1962, quando era Presidente da Comissão pró-Associação da Faculdade de Medicina de Lisboa. Tal facto valeu-lhe a expulsão, por 30 meses, da Universidade. Pede a transferência para Coimbra e aí participa na reorganização do movimento estudantil coimbrão, tendo sido nomeado secretário-geral do Secretariado Nacional dos Estudantes Portugueses. Funda, clandestinamente, com António Correia de Campos, José Medeiros Ferreira e Nuno Brederode dos Santos (entre outros), o Movimento Sindical Estudantil. Integra a partir de 1963 (e até 1965) a FPLN (ligado ao grupo de Argel, onde pontificam Piteira Santos, Manuel Sertório e Manuel Alegre) e, por isso mesmo, é preso várias vezes. Parte para o exílio (1965), fixando residência na Suíça, onde vive até 1976. Antes, em Agosto de 1974, integra o Partido Socialista, tendo sido depois deputado parlamentar. Pertenceu sempre à direcção nacional do PS até 1999, ano em que abandona o partido, em discordância com a sua linha politica, que considera reformista. É um defensor intransigente da "identidade transmontana e duriense", dando relevância às questões ambientais e ecológicas, ao mesmo tempo que defende o movimento regionalista, constituindo o movimento "Portugal Plural".

Licenciado (1967) em Medicina pela Universidade de Lausana e doutorado pela Universidade de Genebra (em 1976), faz parte de várias sociedades internacionais e nacionais, entre as quais a Sociedade Portuguesa de Psicanálise. Actualmente é Professor Catedrático de Psiquiatria aposentado pela Universidade do Porto (Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar), onde aliás teve cargos relevantes.

Colaborou na estimada revista Cadernos de Circunstância (nº1, Novembro de 1967; sendo a sua comissão coordenadora composta por Alfredo Margarido, Aquiles de Oliveira, Fernando C. Medeiros, João Rocha, José Porto e M. Villaverde Cabral). Funda (com Ana Benavente, António Barreto, Carlos de Almeida, Medeiros Ferreira e Manuel Lucena), em 1970, a importante revista clandestina "Polémica" (1970-1974), editada em Genebra (Suíça) e ligada ao Grupo Socialista Revolucionário. Tem publicado, ainda, inúmeros artigos em periódicos portugueses e vários livros no âmbito da psicanálise e da ecologia.

Fonte: Dicionário dos Mais Ilustres Trasmontanos e Alto Durienses, Vol II, Guimarães, Editora Cidade Berço, 2001

J.M.M.

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