quarta-feira, 2 de julho de 2008

JOSÉ RELVAS (Parte I)



Nascido na Golegã em 5 de Maio de 1858, filho de Carlos Relvas, importante proprietário, coleccionador de arte, amador tauromático, fotógrafo, filantropo e homem influente do liberalismo na região de Santarém. Era proveniente de uma família originária da Beira Alta (região de Viseu), que se estabelece na região do Ribatejo.

José de Mascarenhas Relvas frequentou, durante dois anos, a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, na década de setenta do século XIX, mas acabou por abandonar o curso e matriculou-se no Curso Superior de Letras, que viria a concluir em 1880, com distinção[Carlos Ferrão, "Apresentação", in José Relvas, Memórias Políticas, vol. 1, col. Portugal Ontem, Portugal Hoje, Terra Livre, Lisboa, 1977, p. 37]. Durante este percurso terá certamente contactado com algumas das personalidades marcantes da primeira fase do movimento republicano, particularmente Manuel Emídio Garcia, professor de Direito em Coimbra e, Teófilo Braga e Zófimo Consiglieri Pedroso, professores no Curso Superior de Letras e adeptos das ideias republicanas.

Desde cedo estabeleceu relações de amizade com João Chagas , que passava longas temporadas na propriedade de Relvas, onde decorriam animados serões culturais com a presença de figuras de destque da cultura portuguesa dos finais do século XIX e inícios do século XX. José Relvas tornou-se um grande apreciador das artes e cultivava-as. Tornou-se um violinista respeitado e chegou a colaborar em alguns concertos públicos. Porque a sua fortuna familiar lhe permitia viajava com grande frequência pelo estrangeiro onde começou a coleccionar obras de arte que adquiria com frequência e que se tornaram polo de atenção para a Casa dos Patudos, onde ainda actualmente é possível encontrar esse precioso recheio.

A chegada de João Franco ao poder, em 1906, em conjunto com a tomada de todo um conjunto de decisões que favorecia o desenvolvimento do sector vinícola do Douro em prejuízo das restantes regiões vinícolas do País, acelerou a tomada de decisão de José Relvas se filiar no Partido Republicano, facto que viria a acontecer em 1907. Desde esse momento, o seu grande objectivo foi desenvolver todos os esforços para que a Monarquia fosse derrubada.

A sua residência, habitualmente sempre fervilhante de gente ligada às artes, começa a transformar-se num centro de conspiração contra o regime monárquico. Nela terão tido lugar as reuniões preparatórias onde se esboçou o plano que viria a culminar na tentativa fracassada de revolta republicana de 28 de Janeiro de 1908 e, mais tarde, no 5 de Outubro de 1910. Ali acorriam, com frequência, alguns dos seus amigos mais próximos e que, como ele, partilhavam do mesmo ideal político, como: Ricardo Durão, Joaquim Romão, Manuel Duarte, Manuel Nunes Godinho, entre outros.

[em continuação]

A.A.B.M.

1 comentário:

Nalva Maria disse...

Com muito prazer que entro em contacto com respeitável cumprimentos a respeito do renomados José Relvas(in memória).
Desejo receber mais informações da "Casa de José Relvas" sobre arte e cultura, principalmente fotografia.
Desde já agradeço toda atenção de Vsª.
Atenciosamente,
Srª Nalva Maria Silva Santos