segunda-feira, 7 de julho de 2008

JOSÉ RELVAS (Parte III)



Foi durante o Congresso do Partido Republicano de 1908, inicialmente indicado para se realizar em Coimbra em Abril, mas que acabou por se efectuar em Lisboa, que as facções em confronto chegaram a "vias de facto, quando os radicais pediram a demissão do Directório, caso não se comprometesse a organizar e apoiar a revolução"[Vasco Pulido Valente, O Poder e o Povo, col. Participar, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1974, p. 85-86]. Nesta contenda, os radicais foram derrotados, mas no congresso seguinte (Abril de 1909 - Setúbal) já sairiam claramente vencedores. Nesse congresso, os denominados radicais, conseguiram eleger para o Directório do partido um conjunto de personalidades que defendiam a via da revolução, eram elas: José Relvas e Eusébio Leão e entre os substitutos destacavam-se Inocêncio Camacho , Malva do Vale e José Barbosa, que substituíam com frequência os membros efectivos: Basílio Teles e Cupertino Ribeiro que viviam no norte do País e não podiam comparecer a todas as reuniões.

O Directório eleito em 1909 tinha o apoio da Carbonária e a conspiração para derrubar o regime monárquico assume outras proporções quando este Directório nomeou um comité revolucionário secreto de que faziam parte: Cândido dos Reis, João Chagas e Afonso Costa que se encarregariam de desenvolver esforços junto das patentes militares, enquanto, por seu lado, António José de Almeida funcionou como o elo de ligação com os elementos civis, em particular a Carbonária.

José Relvas "na plêiade dos propagandistas da República", "colaborou activamente na propaganda do ideal democrático" [Carlos Ferrão, A Obra da República, Editorial O Século, Lisboa, 1966, p. 264], em especial na região do Ribatejo, onde presidiu a comícios e desenvolveu significativos esforços no sentido de implantar o novo regime. José Relvas e Sebastião de Magalhães Lima foram enviados como emissários do Partido Republicano, em missão ao estrangeiro,particularmente a França, onde Magalhães Lima dispunha de diversos contactos pessoais (em especial Alves da Veiga, que vivia em Paris desde a tentativa revolucionária de 31 de Janeiro de 1891 e conhecia importantes empresários e advogados franceses) e a Londres, onde José Relvas também dispunha de uma rede de amigos bem colocados. O objectivo desta viagem, era garantir que os países europeus mais influentes se manteriam afastados das convulsões que se previam vir a acontecer em Portugal e conseguir o apoio da opinião pública desses países para a implantação da República.

[em continuação]

A.A.B.M.

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