domingo, 8 de março de 2009


ARRIAGA, José de (Parte I)

Nasceu na cidade da Horta, ilha do Faial, a 8 de Março de 1848, com o nome completo de José de Arriaga Brum da Silveira. Filho de Sebastião de Arriaga Brum da Silveira e de D. Maria Cristina de Arriaga Caldeira.

Transferiu-se para Coimbra, em 1861, a fim de concluir os estudos preparatórios, matriculando-se em 1864, na Faculdade de Direito, onde obteve, em 1869, o respectivo bacharelato.

Ainda estudante, enquanto seu irmão [Manuel de Arriaga] preferiu a novelística de incidência politológica, ele já optou pela análise dos fenómenos históricos, colaborando em revistas e jornais.

Após a conclusão do curso iniciou actividade como conservador do registo predial, sendo colocado na comarca de Armamar, depois Resende, de seguida Benavente, Moura, e depois para a de Reguengos, de que foi exonerado por não tomar posse.

A análise interpretativa da época que estudava conduzia-o no sentido da exegese dos sistemas conservador e progressista, tendo optado por este último, já com uma clara tendência republicana.

A eclosão do Ultimatum inglês veio acentuar ainda mais esta tendência. Rejeitou a aliança luso-britânica, por achar que ela só interessava à manutenção da Monarquia e, à Inglaterra, pelos benefícios colhidos da exploração das colónias portuguesas.

A sua concepção positivista dos factos levava-o a considerar a República uma inevitabilidade e os vários momentos da implantação do regime liberal em Portugal pareciam encaminhar nesse mesmo sentido. Escreveu duas volumosas obras sobre a Revolução de Setembro e A Revolução de 1820 que constituem obras-primas da historiografia romântico-positivista e severas análises das mutações políticas, em que releva a importância do pensamento na construção dessas mutações.

Devido a dificuldades de vária índole tentou fixar residência em Paris (por duas vezes), Madrid ou no Brasil, mas acabou por regressar ao Continente. Viveu no Algarve (Tavira), cerca de 1908, onde o médico e ilustre republicano local, Silvestre Falcão, lhe encontrou trabalho no semanário republicano A Província do Algarve, como redactor principal, garantindo-lhe assim um salário e estabilidade durante algum tempo. Dizia este escritor açoreano que “a pátria não dá de comer a quem se entrega ao estudo”.

[em continuação]

A.A.B.M.

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