quarta-feira, 27 de maio de 2009
ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO DE MANUEL TEIXEIRA GOMES
Assinalou-se hoje o aniversário de nascimento de Manuel Teixeira Gomes. Nasceu em Portimão em 27 de Maio de 1860, filho de José Líbânio Gomes e Maria da Glória Teixeira Comes.
José Líbânio Gomes era um homem viajado, conhecendo a realidade internacional, pois sabe-se que vivia em Paris aquando dos acontecimentos revolucionários de 1848. Segundo apuramos, começou a partir dessa época, a defender os princípios republicanos, sendo nos primeiros anos do século XX, o mais antigos republicano no Algarve e um dos mais antigos do País. Desempenhou também as funções de cônsul da Bélgica no distrito de Faro.
Teixeira Gomes nasceu num meio burguês, filho de um comerciante abastado de frutos secos, vive numa casa espaçosa e cheia de conforto, sol e flores. Foi educado pelos pais até entrar no colégio de São Luís Gonzaga, em Portimão. Aos 10 anos, parte para Coimbra onde estuda no seminário onde conheceu José Relvas.
Frequenta ainda a Universidade de Coimbra, onde momentaneamente estuda medicina, mas perde-se na vida boémia da Lusa Atenas. O pai convenceu-se então que era melhor continuar a dar-lhe a mesada e deixá-lo viver a sua vida de rapaz, já com forte tendência para as artes: literatura, pintura e escultura. Seguiu a literatura, mas não deixou de admirar as outras artes, tornando-se amigo de grandes mestres, como Columbano que mais tarde o retratou. Vive em Lisboa, onde contacta os meios artísticos e intelectuais, convivendo com João de Deus e Fialho de Almeida, por quem tinha grande admiração.
Frequentou depois durante algum tempo o Porto, onde conheceu José Pereira de Sampaio [Bruno], Basílio Teles, Soares dos Reis, entre outros. Com quem estabeleceu também laços de amizade. Neste período que começa a colaborar em revistas e jornais, entre eles O Primeiro de Janeiro e Folha Nova, Arte e Vida, A Luta (este de Lisboa), Alma Nova, De Portugal, O Diabo, Fradique, Revista da Universidade de Coimbra, Suplemento Literário do Diário de Lisboa, Diário Popular.
A partir de 1891, integra com o pai e outros sócios, uma sociedade intitulada Sindicato de Exportadores de Figos do Algarve, que durou três anos. Durante esse período foi incumbido de encontrar mercados em França, na Bélgica e na Holanda. Viaja então pelo continente europeu, demorando-se em Itália. Aproveita e contacta também novas culturas, deambulando pela África do Norte e pela Ásia Menor.
Em 1907, destaca-se como um dos impulsionadores do novo arranque do Partido Republicano na região, realizando uma grande reunião dos republicanos algarvios na cidade de Portimão, a que acorreram personalidades de toda a região. Foi precisamente num dos armazéns de que era proprietário, que teve lugar este evento, tendo a seu lado outras personalidades ligadas ao partido na cidade, como Ernesto Cabrita e Francisco Marques da Luz.
Aos 39 anos, Manuel Teixeira Gomes inicia um relacionamento com uma jovem algarvia de quem terá duas filhas. Chamava-se Belmira das Neves e descendia de pescadores, o que, na mentalidade da época, e dado que os Teixeira Gomes eram uma família importante em Portimão, este facto terá impedido o casamento.
Em 1911, inicia a sua actividade como embaixador de Portugal em Londres, a sua vida política ao serviço da República começa e prolonga-se até 1918, sendo depois demitido durante o consulado de Sidónio Pais. Em determinados momentos e porque as circunstâncias o exigiam, visto que as dificuldades financeiras do País eram muitas, Manuel Teixeira Gomes chega a adiantar do seu bolso a um secretário inglês para o ajudar nas tarefas quotidianas.
Fazer com que a nossa velha aliada reconhecesse a jovem e ainda pouco estável República não era tarefa fácil, mesmo para um homem de grande cultura como Manuel Teixeira Comes. É necessário recordar as estreitas ligações familiares entre a família real britânica e a última rainha portuguesa, D. Amélia, e o último rei, seu filho, D. Manuel II, então exilados no palácio de Richmond.
Mas a simpatia e "charme" de Teixeira Gomes eram tais que, ao fim de muitos anos em Londres, já a família real o convidava para o palácio com toda a naturalidade. Esteve no Palácio de Balmoral, na Escócia, e sabe-se que a rainha Alexandra o convidou para lhe decorar o gabinete oriental do Palácio de Buckingham.
Quando Sidónio Pais ocupa a Presidência, chama-o a Portugal e de demite-o do cargo, no início de 1918. Então Teixeira Gomes fixa-se novamente no Algarve, como administrador de propriedades. De 1919 a 1923 voltará a ocupar o cargo de diplomata em Madrid e Londres.
Como Presidente, ocupou o cargo entre 5 de Outubro de 1923 e 11 de Dezembro de 1925.
Torna-se necessário recordar que tinha sido candidato derrotado, frente a António José de Almeida, em 6 de Agosto de 1919, ao fim do terceiro sufrágio. Manuel Teixeira Gomes foi eleito Presidente da República na sessão do Congresso de 6 de Agosto de 1923, após um acto eleitoral muito disputado, porque o resultado final também só foi conhecido ao fim do terceiro escrutínio.
Conforme se lê no sítio da Presidência da República:
Na primeira votação, com a presença de 197 congressistas, foram escrutinados os resultados seguintes:
Teixeira Gomes 108 votos
Bernardino Machado 73 votos
Duarte Leite 3 votos
Augusto Soares 2 votos
Magalhães Lima 1 voto
Listas brancas 10
No segundo escrutínio, com a presença dos mesmos 197 congressistas, o resultado ficou assim traduzido:
Teixeira Gomes 114 votos
Bernardino Machado 71 votos
Augusto Soares 2 votos
Duarte Leite 1 voto
Listas brancas 9
Como nenhum dos candidatos tivesse obtido os dois terços de votos exigidos pela Constituição, procedeu-se finalmente ao terceiro escrutínio em que dos 195 congressistas presentes, 121 votaram em Teixeira Gomes, somente 5 em Bernardino Machado e 68 votaram em branco.
O novo Presidente da República tomou posse em 5 de Outubro desse ano, depois de ter prestado juramento de fidelidade à Constituição, perante o mesmo Congresso.
Resignando ao cargo em 11 de Dezembro de 1925, abandona Portugal a bordo do paquete grego Zeus e nunca mais regressou.
A partir de 1931 instala-se em Bougie, na Argélia, onde vive os últimos dez anos de vida a escrever.
Teixeira Gomes acabou por se destacar mais ao nível da literatura do que da política. Em 1899 publica Inventário de Junho, em 1904 Agosto Azul, em 1905 Sabina Freire, em 1907 Desenhos e Anedoctas de João de Deus , em 1909 Gente Singular, em 1932 Cartas a Columbano, em 1935 Regressos e Novelas Eróticas, em 1937 Miscelânea, Maria Adelaide e Carnaval Literário em 1938 .
Faleceu em 18 de Outubro de 1941, no quarto número 13, do Hotel I'Étoile.
Morreu em 1941 e só em Maio de 1950 os seus restos mortais voltaram à pátria. As filhas Ana Rosa Teixeira Comes Calapez e Maria Manuela Teixeira Gomes Pearce de Azevedo estiveram presentes na cerimónia de "regresso".
Sobre Manuel Teixeira Gomes recomendamos uma visita aos seguintes sítios:
- www.presidencia.pt
- www.leme.pt/
- http://agostoazul.wordpress.com
[Nota: A foto utilizada, foi recolhida no último sítio que recomendamos, com a devida vénia.]
A.A.B.M.
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