domingo, 21 de junho de 2009
ANTÓNIO BORGES COELHO - HONORIS CAUSA
No passado dia 17 de Junho, a Universidade do Algarve atribuiu o Doutoramento Honoris Causa a António Borges Coelho ["historiador dos esquecidos e vencidos"], Doutor em História e professor catedrático jubilado pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi seu padrinho o historiador José Mattoso.
"Nascido em Murça, em 1928, António Borges Coelho teve um percurso que foi, no mínimo, atípico (...)
Aluno do Seminário Franciscano de Montariol, durante cinco anos, viria a deixar a possibilidade de uma vida eclesiástica para ingressar em 1949 na Faculdade de Letras de Lisboa. O curso de História viria também a ser abandonado em 1951. As décadas seguintes foram, para este transmontano de Murça, um período conturbado. A luta política entrou na vida de António Borges Coelho nesse início da década de 50 ao subscrever a candidatura de Ruy Luís Gomes à Presidência da República. Esse acto, hoje uma mera formalidade administrativa, era então uma atitude de coragem política e um desafio claro à ditadura. Seguiu-se, para o jovem Borges Coelho, o percurso trilhado por outros democratas: a militância no Partido Comunista Português e o mergulho na clandestinidade, a prisão pela PIDE e seis anos e meio de cativeiro no Aljube, em Caxias e no Forte de Peniche.
Em Peniche conviveu com Álvaro Cunhal, com Carlos Costa e com Alexandre O’Neill. Amizades que o tempo consolidou e que nem os diferentes caminhos jamais apagaram. Data desses anos o poema "Sou barco", que a música e a voz grave de Luís Cília ajudariam a imortalizar. Muitos outros se seguiram, e uma vez que a produção poética nunca deixou de estar presente na sua vida.
Libertado em 1962, continuou a viver até ao 25 de Abril de 1974 sob medidas de segurança, um eufemismo que designava a ausência de direitos políticos, a obrigatoriedade de apresentações periódicas na sede da polícia política, a impossibilidade de tirar a carta de condução ou de leccionar.
É durante esses anos que António Borges Coelho intensifica a sua produção literária e regressa aos bancos da universidade. Licenciou-se em 1967 com uma dissertação sobre Leibniz, mas continuou a ver vedado o acesso ao mundo do ensino ou a qualquer outra actividade pública. Desenvolveu entretanto trabalho como jornalista - foi fundador de A Capital e redactor do Diário de Lisboa e do Diário Popular -, deu explicações e leccionou em vários sítios ..."
- ler todo o Parecer de Santiago Macias, AQUI.
J.M.M.
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