terça-feira, 14 de setembro de 2010
ANTÓNIO LADISLAU PIÇARRA (PARTE I)
Nasce em Brinches (Serpa) em 27 de Junho de 1862, pelas dez horas da noite. Era filho de João Evangelista Piçarra, seareiro e Isabel Francisca Baião, naturais desta freguesia. Foi baptizado a 22 de Julho, na igreja paroquial de Brinches, tendo tido por padrinhos José Evangelista Piçarra Júnior, também ele seareiro e Maria Evangelista Piçarra.
Casou com Maria da Ascensão Piçarra.
Fez os seus estudos de medicina na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, cujo curso terminou em 25 de Julho de 1889.
Dirigiu a revista A Tradição, de Serpa, de que se publicaram 66 números, entre 1889 e 1904, onde escreveu diversos artigos sobre temas etnográficos.
Foi um dos sócios fundadores da Liga de Educação Nacional em 1908 [Cláudia Castelo, “António Ladislau Piçarra”, Dicionário de Educadores Portugueses, Dir. António Nóvoa, Asa, Porto, 2003, p. 1085 e ss, col.1 e 2].
Desempenhou um papel importante no associativismo docente [Em 14 de Maio de 1910 publica um artigo no jornal Federação Escolar onde apela ao associativismo dos professores primários, apud Cláudia Castelo] e participou de forma activa no Congresso da Liga Nacional de Instrução. Apresentou duas teses no II Congresso Pedagógico, de 1909, sobre “Algumas considerações sobre o ensino da leitura” e “O Método Experimental no Ensino Primário”.
No III Congresso Pedagógico (1913) é-lhe dedicada uma tese intitulada “Associação Educativa” e apresenta também uma tese intitulada “Escolas Móveis, Forma prática de estender a sua acção na luta contra o analfabetismo”. Nesse ano publica ainda o artigo “O papel do médico escolar” Educação, nº 3, 1913; “Balneários Escolares”, idem, nº 16, 1913; “O Ensino Primário e a preparação profissional”, Revista de Educação Geral e Técnica, nº 3, 1916; “A Educação Moral”, idem, nº 1, 1921; “Faculdades da Alma”, Educação Social, nº 4, 1924.
Uma das ideias fundamentais deste autor é a defesa da vertente profissional do ensino, que deve ter na sua génese um ensino primário de qualidade, factor que permitirá o desenvolvimento económico do País.
Publicou a tese apresentada a Escola Médica de Lisboa, intitulada Breves Considerações sobre um caso clínico de Linfagioma. Publicou um artigo intitulado “Alcoolismo no Alentejo” na revista Medicina Contemporânea (1905), bem como vários livros sobre agricultura, higiene, pedagogia, entre outros temas. Entre outros títulos da sua bibliografia destacam-se A Reforma do Ensino Secundário (1905); “Um Caso Médico-Legal”, “Assassino Precoce” ainda em 1905; apresentou também uma tese no Congresso de Leitaria, Olivicultura e Indústria do Azeite, intitulada “O Azeite no concelho de Serpa”. Apresentou também uma tese no XV Congresso de Medicina intitulada “Apparitions en Portugal”, realizado em Lisboa em Abril de 1906. Deixou também “L’habitude alcoolique chez les enfants et les femmes enceintes”; “O Ensino da Higiene na Escola Primária”, “Jogos ao Ar Livre”; colaborou nas revistas A Caridade, Figueira da Foz, 1903; Cultura, Lisboa, Dir. Campos Lima, 1929-1930; no Suplemento Literário e Ilustrado de A Batalha, Lisboa, 1923 a 1930.
Colaborou no jornal A Luta, de Brito Camacho. Acompanhou também este médico quando ele criou a União Republicana.
Devido ao seu impulso foi criada em 1909 a Associação de Classe dos Trabalhadores Rurais de Serpa. Este médico conseguiu mobilizar à sua volta um conjunto apreciável de trabalhadores que se envolveram na polémica greve regional de 1911, facto que marcou o momento mais alto do surto grevista que se verifica logo após a implantação da República.
Foi eleito deputado à Assembleia Nacional Constituinte de 1911, mas mais tarde passou a Senador.
Faleceu a 5 de Setembro de 1930, na sua residência situada na Avenida Praia da Vitória, em Lisboa.
[continua]
A.A.B.M.
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