sábado, 17 de setembro de 2011

ANTÓNIO DOS SANTOS FONSECA


Nasceu em Faro em 6 de Dezembro de 1858.

Aos 12 anos foi para Lisboa, onde realizou os preparatórios liceais na Escola Académica. Enveredou pela carreira militar em 1878, assentando praça em 27 de Setembro desse ano. Passou a alferes em 7 de Janeiro de 1881. Estudou na Escola do Exército saindo de lá alferes graduado e efectivo em 1884. Continuou os estudos no Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, onde frequentou as aulas de Mineralogia, Arte de Minas, Física Geral e Economia Política, mas não chegou a concluir o curso.

Em 1886, já com a patente de tenente (6-10-1886), passou a servir no Regimento de Caçadores nº 4, em Tavira, onde permaneceu até 1890, onde esteve adstrito à Guarda Fiscal. Distinguiu-se como ajudante do comandante das tropas que, em 1889, criaram na fronteira um cordão sanitário, devido à eclosão da cólera em Espanha. Devido a problemas de saúde foi considerado incapaz para o serviço activo e colocado em Lisboa. Esteve colocado como adjunto à direcção geral da Secretaria da Guerra desde 3 de Dezembro de 1891, na 1ª repartição.

Em 1895 (9 de Maio) foi promovido a capitão, sendo colocado no Regimento de Infantaria nº 15. Em 1903 era chefe da 2ª secção da 1ª repartição da Direcção Geral da Secretaria da Guerra e, em 1906, a major, com situação de serviço no Estado-Maior, ascendeu a coronel em Maio de 1910. Aposentou-se em 1913 (14 de Junho), no posto de coronel.

Ofereceu o relógio do Arco da Vila, completando a obra do seu ascendente directo, que era o proprietário da barca que trouxe de Itália a estátua de S. Tomás de Aquino, padroeiro de Faro e adquirida pelo Bispo do Algarve, D. Francisco Gomes.
Foi chefe da repartição da 1ª Direcção da Secretaria da Guerra.

Dedicou-se ao jornalismo, mas dispersou a sua actividade por outros interesses culturais, tendo colaborado em jornais e revistas de vários géneros. Utilizou, entre outros os seguintes pseudónimos: Monóculo, Telescópio, Cáustico, Sem Medo e X . Foi um grande amador musical, dedicou-se ao desenho e à pintura tendo deixado alguns trabalhos de relevo.
Possuía várias condecorações, entre elas, os oficialatos de Avis, de S. Tiago, de Cristo, e a medalha de prata de comportamento exemplar.

Era sócio da Sociedade Agrícola da Rozema.
Era sócio da União dos Atiradores Civis Portugueses, com o nº 536, tendo sido admitido em 4 de Janeiro de 1908.

Era casado com Marina Ema Romero dos Santos Fonseca e deixou uma filha Ema Romero da Câmara Reis, casada com Luís da Câmara Reis.

Foi tão simplesmente membro da quinta e da sexta Alta Venda da Carbonária Portuguesa, tendo em ambas tido as funções de Secretário. Teve papel de relevo na organização carbonária que se seguiu ao Congresso de Setúbal do P.R.P.. Nas acções planeadas para 5 de Outubro, o seu grupo civil e os de Amândio Saraiva Junqueiro, João Gualberto do Nascimento Pires e Aníbal Lameiras, deviam interromper as comunicações telefónicas e telegráficas. Foi o intermediário de comunicações.

Faleceu em Lisboa a 15 de Janeiro de 1937, contando 78 anos. O seu funeral realizou-se no dia seguinte, sendo sepultado no cemitério do Alto de S. João.

No seu funeral estiveram presentes entre outras personalidades: Almirante Aires de Sousa, Dr. Hernâni Cidade, Rodrigues Lapa, Bento Caraça, António Sérgio, José Benevides, Mário de Castro, Dias Agudo, Morais Neves, Germano Rocha, António Viana, Xavier de Brito, Azevedo Gomes, Cortez Pinto, Herculano Levy, Gastão de Betencourt, Emílio Costa, Pedro Bordalo Pinheiro, Cardoso Gonçalves, Almeida Cruz, pintores Sousa Lopes e Jorge Pinto, Alberto Bramão, Valentim de Carvalho, Ludovico de Meneses, Alexandre Vieira, Jaime Silva, tenente Valente, Luís Barbosa , entre outros

Conhecem-se-lhe colaborações nos seguintes jornais: O Globo, Folha de Chaves, O Algarve e Alentejo, O Algarve Ilustrado, O Distrito de Faro, O Heraldo, de Tavira, Ateneu Comercial, O Algarve, Revista de Infantaria, Economista, Ferroadas, entre outros.

Publicou entre outros trabalhos:
- Orientação Militar, 1891;
- Leitura das Cartas Topográficas e Corográficas, 1894;
- Reconhecimentos Militares, 1900;
- Perfis, 1937 [sob o pseudónimo de Monóculo, com prefácio de Ludovico de Menezes]

Localizaram-se os seguintes textos da sua autoria na Revista de Infantaria:
- “Avaliação de Distâncias em Campanha”, Revista de Infantaria, Junho de 1898, nº 3, Typ. José da Silva Mendonça, Porto, 1898, p. 91 a 96.
- “Avaliação de Distâncias em Campanha”, Revista de Infantaria, Agosto de 1898, nº 3, Typ. José da Silva Mendonça, Porto, 1898, p. 165 a 169.

Nota: Para a elaboração desta nota biográfica agradecemos a colaboração de Francisco Carromeu, autor de Dicionário de Carbonária, ainda no prelo, mas que ficamos a aguardar com expectativa a sua publicação.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
- Almeida, Artur Luz de , "A Obra Revolucionária da Propagaganda. As Sociedades Secretas", História do Regimen Republicano, Lisboa, 1930 p. 229;
- Lima, Sebastião Magalhães , «Episódios (...) (Memórias)», vol. I, p. 229-230;
- Mendonça, Artur Ângelo Barracosa , "Microbiografias", Anais do Município de Faro, Faro, vol. XXXVI (2009-2010), p. 266-268.
- REIS, Ema Romero Santos Fonseca da Câmara, “In Memoriam”, Divulgação Musical, vol., IV, 1938;
- Silva, António Maria da , «O Meu Depoim. Da Monarq. ao 5 de Out.», p. 238; -- A. Mach. Santos, «A Rev. Port. 1907/1910 - Relatório», pp. 34, 56, 131, 132, 133, 145.

A.A.B.M.

Sem comentários: