terça-feira, 24 de janeiro de 2012

MÁRIO SACRAMENTO


MÁRIO SACRAMENTO, "Carta-Testamento", Editorial Inova [direc. gráfica Armando Alves], 1973 ["Inclui ainda intervenções de Óscar Lopes ('Palavras de Óscar Lopes no Enterro de Mário Sacramento'), Álvaro Salema, Fernando Namora, Ilídio Sardoeira, Mário Castrim, Urbano Tavares Rodrigues e Vergílio Ferreira"

"[...] Não que eu faça grande questão do meu bom nome: estou-me nas tintas para ele, depois de morto. Mas, além dele pertencer, também, aos filhos dos Filhos e a estes, pertence aos meus companheiros de jornada. E, que diabo, se passei tantos maus bocados por eles, em vida, é porque considerei que era esse o meu destino. E um homem tem o direito de o defender, mesmo depois de morto!
Fica portanto entendido que sou ateu e como ateu devo ser enterrado. Em vez dum pano preto, ponham um paninho vermelho no caixote, se puderem. E usem luto vermelho, se algum quiserem usar... [...]

Nasci e vivi num mundo de inferno. Há dezenas de anos que sofro, na minha carne e no meu espírito o fascismo. Recebi dele perseguições de toda a ordem – físicas, económicas, profissionais, intelectuais, morais. Mas, que não tivesse sofrido, o meu dever era combatê-lo. O fascismo é o fim da pré-história do homem. E procede, por isso, como um gangster encurralado. [...]
"

via FRENESI.

J.M.M.

1 comentário:

João Esteves disse...

Obrigado por fazerem recordar este belíssimo excerto desse grande Homem e Cidadão que foi (e será sempre) Mário Sacramento.