quarta-feira, 20 de junho de 2012

AUGUSTO CASIMIRO (PARTE I)


Escritor e militar português, Augusto Casimiro dos Santos nasceu a 11 de maio de 1889, em Amarante. Nessa localidade fez os seus estudos primários e liceais. Aos 16 anos, tendo escolhido a carreira militar, assentou praça no Regimento de Infantaria de Coimbra. Frequentou então estudos universitários em Coimbra e, depois, o Curso de Infantaria da Escola do Exército, de que saiu graduado em 1909. Cedo se revelou como poeta e cronista, estreando-se como autor em 1906 e iniciando a sua colaboração na imprensa periódica na década de 1910. Também por esta altura aderiu aos ideais republicanos.

Cumpriu os preceitos militares, encarando-os como uma forma nobre de servir a sua Pátria. Na sequência desta forma de pensar quando recebeu a incumbência militar de se deslocar a Flandres, com a patente de tenente, granjeou grande prestígio e respeito junto dos seus "companheiros de armas". A sua participação na Campanha da Flandres (1917-18), durante a Primeira Guerra Mundial, valeu-lhe várias condecorações (Cruz de Guerra, fourragère da Torre e Espada, Ordem de Cristo, medalha de Ouro de Bons Serviços, Military Cross, Legião de Honra, Ordem de Avis e Ordem de Santiago) e a promoção a capitão.

Após o termo da Grande Guerra, lecionou no Colégio Militar, sendo de seguida integrado como adjunto na campanha que visava a delimitação da fronteira entre Angola e o então Congo Belga, trabalhando sob a direcção de Norton de Matos, então Alto Comissário da República em Angola. Nesse período foi Governador do Distrito do Congo e Secretário Provincial e Governador interino de Angola (1923-1926). Este período de permanência em Angola, levou-o a escrever largamente sobre temática de carácter colonial.

Augusto Casimiro, ao ser deportado para Cabo Verde na sequência da sua participação na Revolta da Madeira em 1931, quando assumiu a direcção do jornal Notícias da Madeira, que era o órgão oficial dos revoltosos. Enquanto permaneceu em Cabo Verde passou a conhecer de forma mais personalizada a Literatura Cabo-verdiana, que pôde descrever e valorizar como uma nova realidade, juntando para sua cabal interpretação o que já se sabia. Permitiu assim perceber melhor como, na dialéctica contraditória e dolorosa da colonização e da luta anti-colonial, nasceu um encontro mais fraterno de povos e de culturas com base na língua portuguesa. Em 1930 afastou-se da Ditadura, por saber que estava comprometido o seu sonho civilizador em África e por aspirar a uma República democrática. Comprometeu a carreira, sofreu a prisão e o desterro, mas não transigiu.

[Em continuação]

A.A.B.M.

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