quarta-feira, 20 de junho de 2012

AUGUSTO CASIMIRO (PARTE II)



Em 1930, Augusto Casimiro ainda procurou estabelecer uma ponte entre o regime republicano e a Ditadura Militar, com o apoio (ou pelo menos com o conhecimento) do Prof. Manuel Rodrigues, então ministro da Justiça. As ideias de Augusto Casimiro sobre as colónias tinham sido expressas em artigos publicados no Diário de Notícias e encontraram algum eco junto de elementos da ditadura como o próprio Ministro da Guerra da época, Namorado de Aguiar que, em privado teria mostrado concordância com as ideias expressas pelo militar republicano.

Devido às suas actividades oposicionistas foi preso em 1 de Abril de 1931, na sequência do seu envolvimento na Revolta da Madeira e julgado tribunal militar especial em 27 de Maio de 1936.

Por se opor ao regime nacionalista, esteve preso na Ilha de Santo Antão, em Cabo Verde, na década de 30, regressando a Lisboa, em 1936, graças a uma amnistia. Um ano depois, foi de novo reintegrado no Exército Português, mas como reserva.

A experiência militar marcou a sua escrita, especialmente em Nas Trincheiras da Flandres (1919) e Calvários da Flandres (1920). Como autor de poesia, ficção e textos de intervenção, em que manifestava a sua filiação no ideário republicano, o escritor publicou ainda, entre outros livros, Para a Vida (1906), A Evocação da Vida (1912), Primavera de Deus (1915), A Educação Popular e a Poesia (1922), Nova Largada (1929) e Cartilha Colonial (1936), obra na qual manifestou o seu desejo patriótico de afirmação de Portugal no mundo.

De referir que Augusto Casimiro foi colaborador da revista Águia e cofundador (1921), dirigente e redator (1961 a 1967) da revista Seara Nova, principal órgão de comunicação que se oponha ao regime de Salazar e ao Estado Novo.

Manteve a sua ligação à oposição democrática ao Estado Novo, tendo integrado o Movimento de Unidade Democrática (M.U.D.) em apoio à candidatura presidencial de Norton de Matos. Participou em 11 de Novembro de 1950, numa sessão para assinalar o armistício da I Guerra Mundial, sendo um dos oradores convidados da sessão que se realizou no Centro Republicano António José de Almeida, juntamente com Mário Soares, o general Ferreira Martins, Maria Helena Mântua e Alves Redol [vide relato descritivo de Mário Soares in Pacheco Pereira. Álvaro Cunhal Uma Biografia Política. O Prisioneiro (1949-1960), Círculo de Leitores, Camarate, 2001, p. 130-132]. Em 1958 foi um dos apoiantes da candidatura de Arlindo Vicente à presidência da República, sendo membro da comissão central da respectiva candidatura. Fez parte também da tertúlia que reunia na pastelaria Veneza, em Lisboa, nos finais da década de 50 e inícios dos anos 60, onde se juntavam habitualmente Ferreira de Castro, Julião Quintinha, Roberto Nobre, Luís da Câmara Reys, Mário Domingues, entre outros. Privou com Teixeira de Pascoaes (seu conterrâneo), Jaime Cortesão (seu cunhado), Raul Brandão e Raúl Proença, entre outros.

[Em continuação]

A.A.B.M.

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