domingo, 1 de julho de 2012

CRISE PORTUGUESA - SEBASTIÃO MAGALHÃES LIMA


[A] Crise portuguesa, disse e muito bem, por que a crise que atravessamos não é só política: é uma crise da sociedade portuguesa, é uma crise nacional, a crise dos caracteres.

… O mal não é exclusivo de Portugal. É geral, e, a meu ver, transitório.
É preciso dar ao tempo o que ao tempo pertence e aos homens as responsabilidades que lhes cabem.
Nunca ficou mal a ninguém confessar os seus erros. Ao contrário, é um acto que nobilita. Infelizmente, entre nós, há falta de bondade de falta de justiça.
Há duas coisas que se impõem: a reorganização dos partidos e a modificação do meio pervertido pelas paixões mais grosseiras – as invejas, os ódios, as vaidades e as ambições.

… Não há movimento de ideias.
A falta de competência das classes dirigentes contribuiu grandemente para a situação angustiosa em que nos encontramos. Ausência de noção técnica e de noção moral, eis o pior dos males.
Todos pretendem ser o que não são. Reduzir cada um á sua esfera de acção seria um acto reformador.

… Quando se proclama uma República é para fazer obra republicana com uma nova moral …


Sebastião Magalhães Lima, inCrise Portuguesa”, A Vida de um Apóstolo (Jornalista), org. Álvaro Neves, Lisboa, Imprensa Lucas, 1931, pp 257-269

J.M.M.

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