Anos mais tarde surgiram as críticas e as insinuações à sua acção no campo de batalha pelo que pediu para ser julgado. Durante o julgamento feito por cinco juízes, no Tribunal Militar Territorial do Porto, estes acabam por confirmar a relevância dos serviços prestados por David Magno. Um dos responsáveis pelas acusações feitas foi o coronel Bento Roma, que numa conferência pública feita na Escola do Exército, em 1921, quando era precisamente Bento Roma que era acusado de, durante os dias de combate em Abril de 1918, não ter dado ordem de tiro aos soldados da sua companhia. Como já se viu David Magno foi ilibado das acusações, mas a Bento Roma que o atacou publicamente também nada aconteceu.
Ainda em França presta serviço como ajudante na 4ª e 5ª brigadas e como ajudante de campo do general comandante da segunda divisão do Corpo Expedicionário Português, e, finalmente, como comandante do Quartel General, função por onde veio a receber outra condecoração, a da Cruz de Cristo, com palma.
Mais tarde, na sequência da revolta de 3 de Fevereiro de 1927 foi deportado para o Sul de Angola, tendo antes passado pelos Açores e Guiné. Reabilitado foi promovido a major e em 14 de Março de 1932, mas optou por passar à situação de reserva.
Paralelamente à sua carreira militar exerceu intensa actividade literária, sendo autor de diversas obras, algumas das quais escritas com base na sua experiência de guerra, para além de ter sido membro da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, da Revista Militar e da Comissão de História Militar.
Paralelamente à sua carreira militar exerceu intensa actividade literária, sendo autor de diversas obras, algumas das quais escritas com base na sua experiência de guerra, para além de ter sido membro da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, da Revista Militar e da Comissão de História Militar.
Colaborador regular da imprensa desde os 15 anos. Conhecem-se as suas colaborações nas seguintes publicações: O Lamecense, Progresso, Bracarense, Exército Ilustrado (1898), Exército Português, Revista Militar, Boletim da Sociedade de Geografia e Luz e Crença.
David Magno foi casado com Antónia Augusta da Costa de quem teve duas filhas. Porém, elas faleceram muito novas. Teve também um filho Júlio David José Gonçalves Magno, médico, que exerceu a sua actividade na cidade do Porto, e mais tarde na cidade de Lamego, onde era muito estimado.
David Magno faleceu em Lamego em 30 de Setembro de 1957, existindo ainda na freguesia de Almacave, uma rua com o seu nome, além de uma outra rua, no Porto, também com o seu nome. Em 1960 foi publicado David Magno: o "Mutu-Ua 'Nguzu" da occupação de Caculo Caenda, capital dos Dembos, herói de les lobes (Flandres), uma homenagem ao combatente em África e na Grande Guerra.
Localizaram-se os seguintes trabalhos deste autor:
- Crónicas do Minho, 1895;
- “Relatórios dos serviços militares do Lombige” (Governo Geral da Província de Angola), Relatórios. 1910, Luanda. A actividade de um capitão-mor astuto nos Dembos.
- Monografia da Região dos Dembos, 1912;
- “A ocupação dos Dembos”, Revista Militar, Ano LXVI, nº 9, Setembro de 1914. Como apoderar-se dos Dembos segundo Magno.
- A sublevação dos Dembos de 1913, Dembos - povos de Angola, Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa. - Série 34, nº 10-12 (1916), p. 332-356 - Série 35, nº 1-3 (1917), p. 60-77 - nº 4-6 (1917), p. 106-131
- Os Dembos nos anais de Angola e Congo, Lisboa, Coelho da Cunha, Brito & Cª, 1917. - 121 p.
- Livro da Guerra de Portugal na Flandres, 1920;
- Etnografia dos Dembos, Porto, Imprensa Portuguesa, 1921. - 43 p.
- “A música no Exército” in Revista Militar, Lisboa, vol.75, nº 12, 1926.
- A situação portuguesa, Porto, Companhia Portuguesa Editora, 1926. - 325 p. : il. ; 19 cm
- Resumo Histórico do Regimento de Infantaria n.º 9, Lamego, 1930.
- Guerras angolanas, Porto, Companhia Portuguesa, 1934. - 106 p.
- Descobrimentos e Sacrifícios dos Portugueses no Império e no Mundo,
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
- AFONSO, Aniceto, Grande Guerra. 1914-1918, col. Batalhas da História de Portugal, Quid Novi, Matosinhos, 2006;
- FRAGA, Luís Alves, Guerra & Marginalidade. O Comportamento das Tropas Portuguesas em França (1917-1918), Col. História Militar, Prefácio, Lisboa, 2003;
-Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. VIII, Editorial Enciclopédia, Lisboa-Rio de Janeiro, s.d., p. 935;
[FOTO: Ambleteuse, 05/07/1918 - 1ª.Cruz de Guerra da Batalha de La-Lys - General Tamagnini de Abreu condecora David Magno o paladino da resitência de 9,10 e 11 de Abril e protagonista da acção militar de Les Lobes, extraída da publicação já mencionada na Parte II]
A.A.B.M.
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